quinta-feira, 15 de abril de 2010

Não sei de nada




Martha E. Ferreira é economista e consultora

Conforme Relatório do Departamento para a Redução de Desastres, da ONU, em 2009, o Brasil foi o sexto país no mundo a enfrentar o maior número de desastres naturais como deslizamentos de terra, inundações, ciclones e secas. E, 2010 tem se mostrado ainda mais trágico.

A maioria desses fenômenos não pode ser evitada. Porém, dependendo das atividades e intervenções das pessoas e do Governo, pode-se agravar ou minimizar os seus impactos.

Os principais agravantes são a depredação do meio ambiente e o contexto sócio-econômico do povo; e a permissividade dos Governos quanto à ocupação desordenada do solo, ausência de planejamento e fiscalização, a escassez de recursos necessários à implementação de medidas estruturais eficazes. Se houvesse mais investimentos em infra-estrutura, medidas preventivas e educativas, o resultado nefasto seria minimizado.
O Brasil gastou dez vezes mais com reparos causados por fenômenos naturais do que com a sua prevenção. No ano passado, por exemplo, o governo federal gastou R$ 1,3 bilhão com o programa

Resposta aos Desastres e Reconstrução, mas apenas 10%, ou seja, R$ 138 milhões com o de Prevenção e Preparação.

De acordo com a Comissão de Segurança Hemisférica, da ONU, a redução do risco implica na elaboração, revisão e aperfeiçoamento das normas de construção, formulação de programas de proteção ambiental, planejamento do uso da terra e revisão das práticas de gestão de recursos.

E, o conceito global de gestão de risco trata da demanda de recursos para a prevenção e recuperação dessas áreas, previamente mapeadas.

Na última década, ocorreram pelo menos 63 grandes desastres naturais, no país, classificados como estado de calamidade pública, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Eles mataram mais de 1.300 pessoas, deixaram quase 06 milhões de desalojados, desabrigados e feridos, causando prejuízos econômicos superiores a R$ 20 bilhões.

Este ano, os estados mais atingidos pelas conseqüências dessas intempéries e pelo descaso do poder público em relação a políticas de prevenção foram: Rio de Janeiro (249 mortos), Minas Gerais, Espírito Santo (mais de 800 mil pessoas afetadas), Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e outros 490 municípios das regiões Norte e Nordeste.
E, enquanto as pessoas morrem soterradas, ninguém sabe, ninguém viu. A farra de gastos com campanha política, apenas para os candidatos à Presidência, está estimada em R$ 500 milhões; o custo inicial para a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas é de R$ 110 bilhões, o equivalente a 3,8% do PIB; e a Dívida Pública Bruta Total (interna e externa), a maioria dela com gastos inúteis, atingiu a incrível cifra de R$ 2,3 trilhões, ou seja, 77,6% do PIB brasileiro. E a temporada de deslizamentos de terra, inundações, ciclones e secas ainda não acabou!

Fonte: Portal da Transparência Capixaba

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