quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Começa a era da inovação verde

A cada dia, surgem novas ideias e tecnologias cujo objetivo é um só: criar produtos e serviços ambientalmente sustentáveis, capazes de melhorar a saúde do planeta. Mas, afinal, por que ainda não nos deparamos com uma verdadeira onda de produtos e serviços inovadores que consigam de fato cumprir essa promessa? Por que não temos uma grande quantidade de companhias ambientalmente corretas buscando o sucesso no longo prazo? E por que ainda estamos tão distantes das condições ideais para estabelecer o paradigma de uma economia verde?

A resposta começa por uma lição simples: boas ideias e tecnologias não são suficientes. A chave para fazer com que as inovações verdes sejam duráveis e relevantes é torná-las lucrativas e atraentes para o mercado. Para serem bem-sucedidas, as “greenovations”, como nós as chamamos, têm de ser financeira e economicamente viáveis e mensuráveis. Do contrário, as boas ideias não conseguem ir além do fato de serem, tão-somente, boas intenções.

No livro Greenovate! (publicado recentemente nos Estados Unidos e ainda sem previsão de lançamento no Brasil), nós, do Centro para Inovação, Excelência e Liderança da Hult International Business School (IXL Center), selecionamos as ideias que realmente cumprem a promessa de gerar resultados financeiros e ambientais ao mesmo tempo – ou que pelo menos parecem ter potencial para isso. Compilamos histórias e aprendemos as lições da sustentabilidade a partir do esforço de líderes, empresas, ONGs e governos de todas as partes do mundo. Os casos nos mostram que existem maneiras inovadoras de se fazer dinheiro ao mesmo tempo em que se faz a diferença. Maneiras de manter o ideal de um planeta mais limpo por meios que atendem às nossas necessidades de pagar as contas do dia a dia. Imagine...

E se pudéssemos difundir as inovações verdes para países em desenvolvimento, onde há oportunidades de melhoria na saúde, na distribuição de riquezas e no ambiente para as pessoas na base da pirâmide?

Algumas empresas estão trilhando esse caminho por meio de inovações que atendem às necessidades do mundo emergente, protegem o meio ambiente e, ao mesmo tempo, dão lucro. Uma delas é a norte-americana Empower Playgrounds, que está ajudando a iluminar vilarejos do interior da África por meio de uma tecnologia que converte playgrounds infantis em fontes de energia suficientes para abastecer lanternas e luminárias. Outra é a Grameen Danone, que vem enfrentando o problema da fome em Bangladesh por meio de pequenas fábricas de iogurte ecológico – que não só geram muitos empregos como também dão um bom lucro. Já a Bloom Energy fornece pequenos geradores movidos a célula de combustível que são capazes de abastecer famílias inteiras em locais que ficam distantes dos grandes centros urbanos. Enquanto isso, a Olam, de Cingapura, procura atrair os interesses do capital privado, de instituições públicas e de pequenos agricultores. O resultado desse modelo de negócios é um novo e revolucionário sistema de mercado que eleva a quantidade e a qualidade da produção de um insumo básico, o arroz, ao mesmo tempo em que multiplica a renda dos produtores agrícolas.

E se encontrássemos novas maneiras de criar energia alternativa, reduzindo dramaticamente a nossa dependência em relação aos combustíveis fósseis, que são poluentes e caros?
Alguns avanços tecnológicos vêm tornando a energia solar cada vez mais acessível em termos de custo e flexibilidade de uso. A Energy Innovations, da Califórnia, criou uma tecnologia que reduz dramaticamente o custo da captação solar. Já a Nanosolar e a Konarka estão desenvolvendo novas maneiras de produzir células fotovoltaicas. São soluções simples e com grande potencial para mudar os atuais paradigmas do mercado energético. É claro que muitas dessas inovações estão restritas a um grupo de empresas que dominam tecnologias de ponta. Mas isso não significa que a nova energia será um privilégio dessa pequena elite. Há várias companhias desenvolvendo soluções promissoras, mas com baixa intensidade tecnológica. Na África, por exemplo, temos a Empower Playgrounds (citada na página anterior) e também a Nov Mono, uma companhia australiana que utiliza a energia solar e cinética para abastecer um sistema que leva água potável a vilas carentes no interior do continente.

E se reciclássemos os resíduos dos nossos processos industriais, transformando em matérias-primas ou em combustíveis eficientes todo aquele lixo que hoje é jogado nos milhares de aterros sanitários que cobrem o nosso planeta?

Nesse quesito, poucas companhias são tão bem-sucedidas quanto a Patagonia e a Terracycle. Ambas atingiram um patamar invejável: quase todas as suas matérias-primas vêm de insumos reciclados e de baixíssimo custo. O curioso é que, enquanto a Patagônia se tornou uma referência no mercado de vestuário esportivo, a Terracycle se destacou no setor de embalagens. Outro caso interessante é o da Greenbox, que oferece caixas rígidas, produzidas a partir de plástico reciclado, para quem deseja fazer mudanças de forma mais organizada e prática – e sem recorrer às velhas e frágeis caixas de papelão descartável. Na Indonésia, a Don Bosco transforma óleo de cozinha usado em um inusitado combustível para ônibus. Já a Big Belly desenvolveu uma lata de lixo inteligente, movida a energia solar, que compacta os dejetos e ajuda a reduzir os custos dos sistemas de recolhimento de lixo urbano. Isso sem contar a PFNC, cujo modelo de negócio se baseia na reciclagem de contêineres.

E se parássemos para refletir sobre a maneira como usamos a energia e buscássemos novas formas de reduzir os enormes desperdícios causados por sistemas ineficientes e desleixados? E se encontrássemos novas maneiras de racionar o uso da energia, tornando-o mais eficiente e menos custoso?

Recentemente, a canadense Bombardier deu início a um ambicioso projeto para desenvolver meios de reduzir o consumo de combustível em aeronaves. A gigante da logística UPS vem trilhando um caminho semelhante: com uma simples mudança na forma de aterrissar seus aviões, a empresa conseguiu economizar combustível e diminuir a poluição sonora. A Toyota desenvolveu o Prius, o primeiro automóvel movido tanto a energia elétrica quanto a gasolina comum – o que deu origem ao mercado global de veículos híbridos. Enquanto isso, a Tesla obtém avanços importantes na criação de um mercado para automóveis totalmente elétricos e é seguida de perto pela Bosch e pela Better Place, que desenvolvem meios complementares de maximizar o rendimento desse tipo de automóvel. Correndo por fora, a BAE Systems gerou grande repercussão ao estender a tecnologia de motores híbridos para veículos grandes – tais como ônibus urbanos. A ação “Um Laptop por Criança” e a Tesco, ainda que envolvidas em áreas diferentes, vêm realizando esforços para redução de custos e utilização de energia na cadeia de produção de suas redes.

E se melhorássemos os processos relacionados à agricultura e à produção de alimentos, tornando a comida acessível e o cultivo, sustentável? E se reduzíssemos a geração de resíduos a níveis nunca vistos?


Criar e consolidar altos padrões de produção agrícola, capazes de aumentar a produtividade nas lavouras existentes e preservar florestas tropicais, é a contribuição da Rainforest Alliance. No Paquistão e na Índia, as fazendas-escola da Ikea educam os produtores de algodão para que eles adotem métodos de cultivo mais baratos e menos tóxicos, preservando a base de sua cadeia de produção – a terra. Os sistemas de gotejamento da Netafim proporcionam incríveis economias de água ao mesmo tempo em que melhoram a qualidade da irrigação em grandes lavouras. A norte-americana Dairyland Power foi a primeira a converter lixo em energia para a produção agrícola, enquanto a BP Energy India adotou um modelo de negócios inovador que permite distribuir sistemas de cozimento sustentável nos mais longíquos cantos da zona rural da Índia.

E se criássemos materiais de construção mais eficientes e ambientalmente corretos, atacando, assim, uma das principais fontes de emissões de gases estufa e resíduos sólidos que existem atualmente?

Do planejamento à execução, algumas iniciativas vêm gerando grandes avanços nos índices de consumo e desperdício da construção civil. O grupo LEED, por exemplo, detém um processo de certificação que premia as construtoras por empreendimentos e estruturas ambientalmente corretos. Ainda que atuem em mercados diferentes, a Axion e a Walltech conseguiram reduzir seu volume de resíduos ao mesmo tempo em que elevaram o desempenho de materiais e processos empregados nas obras. Já a torre do Bank of America, construída recentemente, reflete uma decisão do banco de estabelecer padrões verdes para a construção de arranha-céus. As tecnologias utilizadas não só minimizam a pegada carbônica da empresa como aprimoram a operação do prédio em si.

E se adotássemos sistemas mais inteligentes para conservar a energia, obtendo reduções no custo de geração e nos volumes de emissão de carbono?

Hoje, com o poder de análise permitido pela informática, temos condições de encontrar oportunidades inéditas de melhoria no uso de energia – e em áreas até então inimagináveis. As possibilidades são quase infinitas e, além de gerar ganhos ambientais, rendem excelentes fontes de receita e lucro. As norte-americanas Cisco Energywise, Oberlin College e Progressive Insurance são bons exemplos: embora atuem em áreas bastante distintas, elas adotaram meios de informar o montante de energia que cada cliente utiliza – o que gera um estímulo contundente para o uso racional. Em uma escala muito maior, há o programa E-Street, lançado pela cúpula da União Europeia. Beneficiado pela visão de líderes de governo que financiam um grande número de agentes privados, o E-Street vem difundindo iniciativas verdes com potencial para conter e até mesmo solucionar os grandes problemas causados pelas mudanças climáticas.
Fonte: Amanhã

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Assédio Moral no Trabalho: o que a vítima deve fazer?

O que a vítima deve fazer?

•Resistir: anotar com detalhes toda as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário).

•Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.

•Organizar. O apoio é fundamental dentro e fora da empresa.

•Evitar conversar com o agressor, sem testemunhas. Ir sempre com colega de trabalho ou representante sindical.

•Exigir por escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao D.P. ou R.H e da eventual resposta do agressor. Se possível mandar sua carta registrada, por correio, guardando o recibo.

•Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para diretores e outras instancias como: médicos ou advogados do sindicato assim como: Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina (ver Resolução do Conselho Federal de Medicina n.1488/98 sobre saúde do trabalhador).

•Recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo.

•Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania.
Importante:

Se você é testemunha de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser "a próxima vítima" e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor!

Lembre-se:

O assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos ele se baseia na repetição ao longo do tempo de práticas vexatórias e constrangedoras, explicitando a degradação deliberada das condições de trabalho num contexto de desemprego, dessindicalização e aumento da pobreza urbana. A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a auto-estima, deve passar pela organização de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores do seu sindicato, das CIPAS, das organizações por local de trabalho (OLP), Comissões de Saúde e procura dos Centros de Referencia em Saúde dos Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho.

O basta à humilhação depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja "vigilância constante" objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito ’ao outro como legítimo outro’, no incentivo a criatividade, na cooperação.

O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho exige a formação de um coletivo multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral. Estes são passos iniciais para conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania.
Fonte: ONG Assédio Moral

A criação das polícias penitenciárias

Na esfera do aumento da segurança pública, tema muito citado nas discussões políticas, surge a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 308/04, que tramita na Câmara dos Deputados, e institui a Polícia Penitenciária estadual e federal.

E o que vem a ser a polícia penitenciária?

De acordo com a PEC 308/04, são “instituições nas esferas federal e estadual, destinadas a assumir os encargos de guarda, escolta e recaptura de presos condenados ou custodiados pela Justiça.”

Dessarte, terão como atribuição supervisionar e coordenar as atividades ligadas à segurança interna e externa dos estabelecimentos penais; promover, elaborar e executar atividades policiais de caráter preventivo, investigativo e ostensivo, que visem a garantir a segurança e a integridade física dos apenados, custodiados e os submetidos às medidas de segurança, bem como dos funcionários e terceiros envolvidos com o Sistema Penitenciário.

Ademais, poderão também diligenciar e executar, junto com os demais órgãos da Segurança Pública, atividades policiais que visem à efetiva recaptura de presos foragidos das unidades penais; promover, elaborar e executar atividades policiais de caráter preventivo, investigativo e ostensivo que visem a coibir o narcotráfico direcionado à unidades prisionais; promover a defesa das instalações físicas das unidades prisionais; e, por fim, desempenhar atividades correlatas.

A ideia tem como objetivo aperfeiçoar a segurança pública, desonerando as polícias civil e militar das atividades carcerárias. Com efeito, consta da PEC que “tais encargos são extremamente prejudiciais para a eficácia do sistema de segurança pública como um todo, já que imobiliza na guarda de presos os policiais que deveriam estar provendo a segurança da população, em atividades de policiamento ostensivo ou na apuração das infrações penais cometidas.”

Além disso, fica evidente que os agentes penitenciários terão mais poder e autonomia no exercício de suas funções. Assim, constituir-se-ão os Departamentos de Polícia Penitenciária, que serão dirigidos por funcionários de carreira da Polícia Penitenciária que tenham diploma de nível superior, experiência prática na área de segurança penitenciária, conduta ilibada e, ainda, estejam no último nível da carreira de Policial Penitenciário.

Dito isso, vale dizer que não há consenso sobre alguns pontos, existindo substitutivo para ser votado; com isso, a PEC será bem discutida, por enquanto, antes de assumir sua forma final.
Fonte: Direito Net

Qualificação profissional do réu não serve para aumento da pena

A determinação da pena é um procedimento que segue etapas específicas e lógicas, devendo ser fundamentada. A simples qualificação profissional do réu não pode ser uma causa para aumentar a pena. Esse foi o entendimento da ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em que o réu, por ser motorista profissional, foi condenado a pena de um ano e quatro meses de prisão por lesão corporal.

No caso, um motorista de ônibus foi acusado de cometer o crime previsto no artigo 303, parágrafo único, do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), que define a lesão corporal culposa na direção. O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) determinou a pena acima do mínimo previsto na lei, considerando que o veículo era conduzido de modo imprudente e a conduta seria agravada pelo fato de o condutor ser um motorista profissional. A defesa do acusado entrou com recurso no TJPB, mas este foi negado.

No recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi pedida a redução da pena, alegando-se haver ocorrência de bis in idem (duas condenações ou imputações de pena pelo mesmo fato). Também se afirmou que a pena foi aumentada apenas pelo fato de o réu ser motorista profissional.

Em seu voto, a ministra Maria Thereza de Assis Moura considerou que o entendimento do STJ é que o habeas corpus não pode ser usado para redimensionar a pena se envolve reexame de material fático-probatório. Entretanto, a magistrada considerou que, no caso, teria ocorrido uma ilegalidade e que seria possível corrigi-la.

A ministra afirmou não haver razão para o aumento da pena e apontou que a jurisprudência do STJ é no sentido que não pode haver incerteza ou vagueza na fixação de penas. O TJPB teria se referido apenas ao tipo penal e à qualificação do réu, não tendo fundamentado a fixação da pena. Com essas considerações, ela diminuiu a pena para oito meses, sendo sua decisão acompanhada por todos os ministros da Sexta Turma.
Fonte: Direito Net

País terá em 2011 R$ 200 mi para ações de combate a mudanças climáticas

Ações destinadas a reduzir os impactos e a promover adaptações às mudanças climáticas poderão contar com R$ 200 milhões em 2011, segundo a secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Branca Americano. Os recursos fazem parte do Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas.

De acordo com a apresentação de Branca na 2.ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid 2010), 60% do recurso virá da participação do petróleo. “O dinheiro já existia e a lei do petróleo sobre impactos ambientais o direcionou para o fundo", diz. Segundo a secretária, o comitê gestor do fundo será instalado ainda este ano.

O Fundo Clima foi criado no final do ano passado e é o primeiro do mundo a usar recursos do petróleo no combate às mudanças climáticas. Com um orçamento que poderá chegar a R$ 1 bilhão por ano, ele deve direcionar os recursos para pesquisas e ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, ajudando regiões vulneráveis, como o semiárido, que sofre com a seca, e os litorais.
Fonte: Portal Terra

Plastivida alerta para importação de lixo contaminado

A Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos alerta a população para os riscos da chegado ao País de lixo contaminado com os dizeres ”polímeros de etileno para reciclagem” ou “resíduos plásticos”. Para a organização, esse tipo de problema poderia ser evitado se o Brasil contasse com uma estrutura eficiente de coleta seletiva destinada ao abastecimento da indústria que utiliza plásticos como matéria-prima. Conforme a Plastivida, todos os plásticos (inclusive o isopor, sacolinhas, embalagens metalizadas, PVC etc) são 100% recicláveis.

De acordo com o presidente do instituto, Francisco de Assis Esmeraldo, é a falta de coleta seletiva e, portanto, de matéria-prima a ser reciclada que abre espaço para a importação ilegal de lixo no Brasil. A Plastivida acredita que somente a combinação da educação ambiental da sociedade e da ação do poder público poderá solucionar a questão do lixo e garantir a melhoria nas condições de vida e saúde do País.

O instituto, que acompanha a questão da reciclagem e da destinação do lixo no Brasil, informa que a reciclagem de plásticos tem crescido no País a uma taxa de 13,7% ao ano. O Brasil recicla cerca de 21% de sua produção de plásticos (962.566 toneladas no último ano) ante 31% da Alemanha (recordista em reciclagem no mundo). O faturamento das 780 indústrias de reciclagem em 2008 chegou a R$ 1,8 bilhão e a quantidade de empregos diretos a 20 mil, segundo a organização.

O alerta da instituição sobre a importação de lixo contaminado se deve à apreensão no dia 17 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de 22 toneladas de lixo doméstico no Porto de Rio Grande (RS), proveniente de Hamburgo, na Alemanha.
Fonte: Portal Terra

Observatório na Amazônia vai estudar trocas gasosas na atmosfera

Está previsto para começar a operar no próximo ano o Observatório Amazônico de Torre Alta (ATTO) que vai estudar e modelar as trocas gasosas na atmosfera. O projeto é resultado de parceria entre Brasil e Alemanha. No plano nacional estão envolvidos o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas. Do lado alemão, o Instituto Max Planck de Química.

O ATTO vai estudar os processos de formação das nuvens e o regime de chuvas, que é influenciado pelas trocas gasosas entre a atmosfera e a floresta (biosfera) por meio de aerossóis (partículas de origem anorgânica ou orgânica). O laboratório terá uma torre de 320 metros, que será instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no interior do Amazonas. O observatório está sendo implementado, mas requer enorme logística como instalação de laboratórios, moradias, sistema de energia e meios de acesso ao local.

A unidade de pesquisa vai funcionar 24 horas por até 30 anos. Segundo o pesquisador do Max Planck Jochen Schöngart, o ATTO, além de atingir uma maior área, diferente das torres pequenas do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), fornecerá dados mais confiáveis sobre os serviços ambientais prestados pela floresta Amazônica e sua interação com a atmosfera.

“A vantagem dessa torre é o alcance na camada limite atmosférica, com isso vai obter um sinal muito estável, não sofrerá tanto as variações de dia e noite. O problema dessas pequenas torres é essa variação de dia e noite. À noite, as turbulências na floresta são muito baixas, o gás carbônico não é mais visível no fluxo vertical”, diz Schöngart.

De acordo com o coordenador do projeto pelo lado alemão, Jürgen Kesselmeier, o ATTO vai criar um vínculo entre os dados obtidos na terra e observações obtidas por meio de sensores nos satélites, além de um monitoramento por décadas. Um projeto complementar ao ATTO, o Claire, vai fornecer informações sobre o processo de oxigenação dos radicais na atmosfera. O Claire terá duas ou três torres, com alturas de 60 a 80 metros, e ficará localizado na mesma área do ATTO.

As medições dos gases serão em tempo real. Um das torres terá um elevador anexado, com um laboratório completo, que se moverá 24 horas verticalmente, com a velocidade aproximada de 2 a 4 metros por minuto. O coordenador Kesselmeier compara os radicais como “detergente da atmosfera”, responsável pela limpeza. Ele cita o exemplo do radical hidróxido, que pode afetar o metano. São gases que limpam a atmosférica.
Fonte: Portal Terra

A pecuária e o desenvolvimento responsável

Vai entrar em vigor, na primeira semana de setembro, a Norma para Sistemas de Produção Pecuária da Rede de Agricultura Sustentável (RAS), um padrão socioambiental que será utilizado para fins de certificação. Essa norma foi desenvolvida por meio de um processo de consultas públicas internacionais e será aplicada à produção de gado bovino e bubalino, de corte e leite, em sistemas extensivos e semi-extensivos.

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) foi quem coordenou, no Brasil, o processo de consultas, audiências públicas e discussões para a posterior definição dos critérios estabelecidos na norma sobre pecuária da Rede de Agricultura Sustentável (RAS).

A norma para pecuária vinha sendo discutida desde 2009 seguindo protocolos internacionais regulamentados pela Iseal Alliance (International Social and Environmental Accreditation and Labeling), que inclui aspectos dos manejos do rebanho e das pastagens, do bem-estar animal, da emissão de carbono e de requisitos ambientais adicionais aos já aplicados pela norma para a RAS. Esses critérios serão somados aos já existentes, como tratamento justo e boas condições de trabalho, conservação de ecossistemas, utilização racional de recursos hídricos, descarte correto de resíduos, entre outros.

Mudança - A pecuária bovina é uma das atividades mais importantes do País, ocupando cerca de 211 milhões de hectares. Nos últimos anos, o setor vem recebendo duras críticas por causa do seu sistema de produção e questionamentos quanto a desmatamentos ilegais e ao cumprimento de sua responsabilidade socioambiental.

O mundo pede por produção responsável e o setor pecuário, que passou a ser apontado como grande vilão do meio ambiente, acusado de desmatar florestas, promover queimadas e submeter seus trabalhadores a condições degradantes de trabalho, se está organizando para propor soluções às questões levantadas.

Ações – A população percebe que o consumo, além de proporcionar determinado prazer, financia todo um modelo de produção. Por isso, busca saber se o produto que está adquirindo está comprometido com crimes ambientais, fundiários ou trabalhistas.

No fim do ano passado, o Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) procurou os maiores frigoríficos do País e sugeriu que assinassem um documento se comprometendo a não comprar gado de fazendas que comprovadamente desrespeitavam a legislação ambiental. Esse foi o primeiro passo para alertar e despertar tanto empresas do setor frigorífico, do varejo e da fabricação de artigos que utilizam subprodutos bovinos como matéria-prima, quanto consumidores sobre o problema e buscar possíveis soluções para essas questões.

Também em 2009, quatro dos maiores frigoríficos do País assinaram um pacto denominado Desmatamento Zero que prevê, entre outros, o fim da derrubada de árvores, a rejeição de situações sociais degradantes, a adoção do sistema de rastreabilidade da produção e o compromisso de, em cinco anos, apenas comprar gado de fornecedores legalizados. Mas esse é apenas o começo de um longo caminho, pois ainda não garante que o produto que chega ao consumidor não seja fruto de infração ambiental ou social.

Certificação - Além de assinaturas de pactos e acordos, outra alternativa para diferenciar produtos e evidenciar boas práticas no campo é a certificação socioambiental. O mecanismo se baseia em normas internacionais reconhecidas, a adesão a ele é voluntária e o consumidor final pode diferenciar o item por meio de um selo estampado no produto.

O mercado tem reconhecido essas diferenças, dando preferência de consumo ou pagando um prêmio para os itens certificados. Isso já ocorre com café, cacau, chá, uva e outras frutas. Outra tendência do mercado, frente aos produtos certificados, é a adesão ou o compromisso que grandes grupos consumidores, sejam redes de supermercados ou processadores, assumem publicamente de negociar produtos certificados associando o selo e a mensagem que eles trazem aos valores desses grupos.

O setor produtivo é beneficiado pelo reconhecimento mundial e pela agregação de valor ao seu produto, enquanto o consumidor tem a oportunidade de contribuir para mudanças positivas no campo, quando escolhe produtos certificados com o selo socioambiental.

Existem algumas iniciativas e normas socioambientais para a pecuária em processo de desenvolvimento e cabe à sociedade se informar sobre a forma de desenvolvimento desses padrões e participar ativamente deles, para garantir a transparência e credibilidade do processo, assim como expressar e imprimir o que é esperado e o que não será aceito como prática na cadeia produtiva da carne.
Fonte: Portal Terra

Leilão para escolas

Impressionado com a alta taxa de analfabetismo de milhares de jovens de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo e a quinta maior do Brasil, habitada por cerca de 80 mil moradores, o cabeleireiro Wanderley Nunes organizou um leilão beneficente em prol da comunidade. O evento, marcado para segunda-feira (16), no Buddha Bar, em São Paulo, visa a angariar fundos para fortalecer o projeto Escola do Povo, que promove a alfabetização de jovens e insere cursos profissionalizantes, de cabeleireiro, cozinheiro e estilista, na formação escolar. “São 15 mil jovens precisando de estudo e vamos oferecer escola técnica para eles”, disse Nunes, que pretende arrecadar mais de 3,8 milhões de reais com as peças leiloadas.

Influente no meio artístico, o cabeleireiro, que começou a trabalhar aos 12 anos, como engraxate na barbearia do pai, em Maringá (PR), conseguiu juntar dezenas de peças valiosas de seus clientes e amigos famosos, como o músico Bono Vox, o modelo Jesus Luz e as atrizes Christine Fernandes e Claudia Raia. “Ainda estou esperando alguma doação da Madonna, e a atriz americana Mariel Hemingway já confirmou presença no evento”, afirmou Wanderley. Enquanto recebia a reportagem de QUEM em seu salão, o Studio W, no Shopping Iguatemi, peças doadas por artistas continuavam chegando, como um retrato doado por Luciano Huck e um quadro do artista plástico americano Jay Milder, avaliado em cerca de 1 milhão de reais.

DESIGUALDADE SOCIAL
“Os governos e as comunidades têm que ver que é possível se organizar para combater os problemas”, disse Gilson Rodrigues, presidente da União dos Moradores de Paraisópolis e coordenador do projeto. Para o líder comunitário, os moradores, em sua maioria nordestinos que buscam uma vida melhor em São Paulo, sofrem preconceito por causa do analfabetismo. “O principal motivo de desigualdade social é a ausência de escolas. Ninguém quer dar emprego a quem não sabe ler e escrever”, falou Rodrigues.

Uma das histórias que motivou a iniciativa de Wanderley foi a de Luciana Rodrigues da Silva, que, aos 14 anos, abandonou os estudos, em Palmares, no interior de Pernambuco, para seguir com a família em busca de oportunidades em São Paulo. Na capital paulista, a menina foi morar em Paraisópolis e começou a trabalhar como empregada doméstica. Em 2007, quando fez 22 anos, procurou a Escola do Povo e conseguiu voltar a estudar. “Pedi para meus patrões me darem um caderno. Até para limpar o chão é preciso ter ensino completo”, disse Luciana. No ano passado, quando começou a cursar o 9º ano do ensino fundamental por meio do projeto, a jovem deixou o antigo emprego e passou a dar aulas a crianças. “Minha meta agora é fazer faculdade”, afirmou. “Com o Wanderley, que é uma pessoa pública, levantando essa bandeira, sei que vamos mudar a vida das próximas gerações”, afirmou o coordenador do projeto Escola do Povo.
Fonte: Revista Quem

Por um futuro colorido

Por Vera Ligia Rangel
A ideia de organizar o paint a Future, projeto que aposta na realização dos sonhos infantis, surgiu há sete anos. A artista plástica e curadora holandesa Hetty van der Linden, 64, estava na Argentina, em um evento com executivos, empresários e políticos locais. Durante o jantar, a mulher de um dos participantes contou que já tinha sido assaltada várias vezes por menores infratores na porta de um supermercado próximo. “Quando terminou o encontro, saí do restaurante sozinha, a pé, e me deparei com crianças pedindo dinheiro na rua. Dei os pesos que tinha na carteira e comecei a conversar com elas. Perguntei se tinham casa e família e o que faziam para sobreviver. Uma delas respondeu: ‘Nós roubamos madames no supermercado’. Eu fiquei muito impactada com a revelação”, diz.

A partir desse momento, Hetty sentiu que deveria unir os extremos, ricos e pobres, em prol de um mundo melhor. Só não sabia ao certo como viabilizar isso. Mas, pouco tempo depois, ela descobriu que artistas doavam parte das suas obras para um orfanato na Croácia, onde moravam crianças cujos pais morreram na guerra. Surgiu, então, o insight para o Paint a Future. De volta à Espanha, onde vivia, Hetty enviou um e-mail para amigos artistas: “Quem gostaria de vir a Toledo para pintar um mundo melhor?”. Em pouco tempo, o castelo que ela conseguiu disponibilizar para o evento ficou lotado de artistas que começaram essa ação solidária mundial, pintando quadros baseados em desenhos infantis.

Hoje, o projeto consiste em visitar regiões remotas de países como Brasil, Chile, Peru, Uruguai, Bósnia, Croácia, Madagáscar, Tunísia, Marrocos e Moldávia, munida de papel, pincéis, tinta e um desejo enorme de ajudar. Para chegar a esses vilarejos, Hetty vai até montada em mula quando não há acesso por carro. No local, reúne as crianças e pede para elas fecharem os olhos e imaginar seus desejos. Em seguida, orienta todas a usarem o pincel como se fosse uma varinha mágica e com ele desenhar seu maior sonho. São produzidos até 100 desenhos em um único dia. Mas Hetty não conta o que as crianças receberão em troca. “Não quero criar expectativas falsas”, diz. Os desenhos, entretanto, são entregues a vários artistas envolvidos no projeto. Eles escolhem alguns, se inspiram e recriam telas que são vendidas em museus e galerias. O dinheiro obtido é todo investido na realização dos desejos e das necessidades da criança autora dos desenhos.


Mundo de sonhos

Os meninos e garotas que participam do Paint a Future desejam desde coisas bem específicas, como um par de galinhas para garantir ovos a toda família, uma bicicleta, um computador ou um aparelho auditivo, até sonhos maiores, como uma casa ou uma escola. Nesses casos, muitas vezes, o dinheiro ajuda não apenas a criança que fez o desenho, mas também sua família e outros membros da comunidade. “Em Madagáscar, por exemplo, várias crianças desejavam estudar. Então, conseguimos montar uma escolinha”, diz Hetty. Há ainda desejos que só poderão ser concretizados na idade adulta. “Já tivemos o caso de um menino que sonhava ser caminhoneiro. Então, abrimos uma poupança para no futuro ele conseguir tirar a habilitação de motorista e talvez até dar a entrada num caminhão”, diz Hetty.

O Paint a Future ajudou mais de 1.000 crianças no mundo. Para sua realização, conta com o apoio de parceiros, como os donos de hotéis que se responsabilizam pelos custos de hospedagem dos artistas; a empresa holandesa Royal Talens, que doa telas, pincéis e tintas; além do apoio de bancos, galerias de arte e voluntários. Os artistas envolvidos são a peça-chave do trabalho, já que criam até dez quadros em cada evento sem receber nenhuma porcentagem pela venda deles.

Etapa brasileira
No Brasil, o Paint a Future atua há cinco anos. Desde o início, teve o apoio dos proprietários das pousadas Ilha do Papagaio, que fica na ilha do mesmo nome, próxima a Florianópolis, e Quinta do Bucanero, localizada na Praia do Rosa, também em Santa Catarina. “A ideia de trazer o projeto para cá foi do Bocão, dono da Quinta. Ele conheceu a Hetty em pleno deserto do Atacama, no Chile, e nos convenceu a patrocinar o evento”, diz Renata Sehn, sócia da Ilha do Papagaio.

A última versão do Paint a Future aqui aconteceu no início de maio. Durante 12 dias, artistas do mundo todo se revezaram entre as pousadas Natur Campeche, em Florianópolis, Ilha do Papagaio e Quinta do Bucanero para pintar quadros baseados em desenhos de crianças do Chile e do Peru. “Acho inspirador usar recortes do que a criança pintou em um quadro e fico feliz em beneficiar tanta gente”, diz a artista plástica holandesa Ria Nieswaag, 60 anos, que participa da ação desde o início. “Fiquei envolvido por este projeto e ele me dá inspiração para outros trabalhos”, afirma o artista argentino Alejandro Teves, 35 anos, que já produziu 17 quadros para o Paint a Future.

Durante esta temporada brasileira, Hetty contou ainda com a colaboração de artistas mirins muito especiais. Crianças da Apae — Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais — fizeram desenhos que se transformarão em quadros para auxiliar as crianças carentes da América do Sul. E também teve a ajuda de outras crianças que customizaram sandálias, cuja venda tem como objetivo ajudar uma comunidade peruana.

Passado e futuro
Quando questionada sobre os resultados do projeto, Hetty volta no tempo. Na infância, tinha dois sonhos: ser médica para cuidar da população da África ou ser Robin Hood para diminuir as injustiças. Ela não seguiu literalmente esse caminho, mas por meio do Paint a Future leva bem-estar para crianças que estão abaixo da linha da pobreza, utilizando doações daqueles que têm mais recursos. “Encontrei uma forma justa de realizar meu sonho. É gratificante ver uma criança doente que sobreviveu, outra que não tinha casa e agora tem onde morar”, diz. “Mas por enquanto ainda são milhares de sonhos, centenas de artistas e apenas dezenas de compradores”, afirma Hetty. O maior sonho da artista hoje? Ajudar pessoas em locais ainda mais distantes e expor e vender todos os quadros produzidos durante os eventos. Mais informações em http://www.paintafuture.org/.
Fonte: Revista Marie Claire

Ilha da Cultura

A Ilha da Cultura nasceu do poder que todos nós temos de transformar sonhos em realidade. Tantas desigualdades e injustiças sociais fizeram com que um sentimento de inconformidade crescesse em um jovem guaranesiano que começou a trabalhar para modificar essa realidade. Na impossibilidade de criar um novo mundo, ele pensou em como podia transformar a realidade na qual vivemos. Foi assim que surgiu a idéia do Espaço Ilha da Cultura que visa a inclusão social e cultural, através do acesso a informação, a leitura e a formação de leitores.

Esse jovem se chama Leandro Augusto de Andrade, e na época dessa idéia, ele tinha apenas 21 anos. Depois de ter cursado 3 anos a faculdade de Comunicação do UNIFEG ele viajou para São Paulo para trabalhar em uma ONG de inclusão social que atua em várias comunidades em situação de risco social, vendo, aprendendo e obtendo várias informações de como funcionava o auxílio dessa população e aprendendo a ser um cidadão consciente de seu dever dentro da sociedade, ele resolveu voltar para Guaranésia e realizar algo, que por mais que parecia pequeno, poderia mudar o mundo: Valorizar cada ser humano, dando a oportunidade de conhecer diferentes costumes, diferentes idéias e lugares, além de se tornar um cidadão consciente e ter em suas mãos soluções para as dificuldades de seu dia-a-dia, tudo isso através do ato da leitura. Assim nasceu o Projeto Ilha da Cultura!

Tudo começou com a Campanha ’Doe um Livro’, em abril de 2007, onde o próprio Leandro distribuiu quatro caixas de coleta em alguns pontos da cidade e alguns cartazes falando da Campanha, com esse trabalho ele conseguiu arrecadar mais de mil livros. Leandro fez também um site da Campanha, assim outras cidades do Brasil poderiam conhecer e doar livros e foi isso que aconteceu: livros e mais livros vieram de todas as partes do país. No mesmo ano Evando dos Santos, do Rio de Janeiro, conheceu o projeto de Leandro e enviou para casa dele dois caminhões repletos de livros, mais de 4 mil livros. Esses livros ficaram na casa de Leandro, e a ’biblioteca’ funcionava lá mesmo. Como o objetivo do jovem era montar a biblioteca na comunidade do Bairro Bom Jesus, ele começou a buscar recursos para abrir esse espaço enviando o Projeto para a Prefeitura e para as empresas da cidade.

No meio do ano de 2008, Leandro conseguiu fazer uma grande parceria com Mauro César da Silva, do Grupo Máscaras dando personalidade jurídica ao projeto.

Como não conseguiu viabilizar um espaço via poder público, ele reafirmou a idéia de biblioteca comunitária e no final de 2008, algumas empresas apadrinharam o projeto e começaram a financiar os custos do espaço, como aluguel , água e energia elétrica.

Enquanto uns capitalizam a realidade, outros socializam os sonhos, e socializando esse sonho, Leandro recebeu ajuda para a biblioteca de algumas empresas da cidade, além do voluntariado jovem do Leo Clube de Guaranésia.

Com toda ajuda de empresas, dos voluntários, da comunidade,e da família, em 28 de fevereiro de 2009, Leandro Andrade consegue abrir as portas da Ilha da Cultura para a comunidade.
Foi um evento histórico na cidade, pois um jovem de 22 anos, sem nenhuma condição financeira de realizar um projeto desse porte, sem nenhuma ajuda da prefeitura, sem nenhum apoio político ou religioso conseguiu mobilizar algumas pessoas e empresas que acreditaram nesse seu sonho e ajudaram a construir uma realidade. Tudo isso com um só objetivo: levar a leitura e conhecimento à comunidade.

Outro fato interessante nessa maravilhosa ’luta literária’, é que Leandro ganhou um concurso do Pontos de Leitura promovido pelo Ministério da Cultura, com isso a iniciativa da Ilha da Cultura é reconhecida pelo Governo Federal como Ponto de Leitura e recebeu um Kit que é composto de cerca de quinhentos títulos, um computador, uma impressora, um tapete emborrachado, almofadas, puffs e estantes. Tudo isso para ser usado pela comunidade gratuitamente.

Hoje a Ilha da Cultura conta com mais de 10 (dez) mil livros, cerca de 200 são emprestados por mês, e todos eles são disponibilizados gratuitamente, um voluntário que atende os leitores na Ilha, a mãe do idealizador, Luzia Souza, cuida do espaço e atende as crianças todo final de tarde e empresários empreendedores sociais ajudam a manter o espaço, além do Grupo Máscaras que cuida da parte burocrática e da legalidade do projeto.

Para conhecer melhor o projeto acesse: http://www.ilhadacultura.org.br/
Fonte: Projeto Generosidade

Recanto dos Querubins

Todos os dias chegamos ao CEI, percebemos os rostinhos de cada criança e logo um coro se inicia gritando o nome da professora que chega e mil abraços a cercam, num ato de amor demonstrado com sinceridade e afeto. São essas pequenas atitudes que encorajam a todos os profissionais a persistirem num sonho de vida, num sonho de educação iniciado em 1999 no bairro Jardim Sofia em Joinville – S.C.

A implantação do Centro de Educação Infantil Recanto dos Querubins ocorreu para suprir a carência de educação infantil neste bairro e assim deu-se início a uma história de lutas, de conquistas, de parcerias, de amor e de muito trabalho em prol das crianças e adolescentes.

Diferente da visão que se tem do Sul do país, em que se pensa que não há dificuldades em relação à educação, sabe-se que atualmente milhares de crianças com idade entre 0 e 6 anos encontram-se fora das instituições de educação infantil por falta de vagas, implicando na não garantia de seus direitos e de suas famílias que precisam desempenhar funções no mercado de trabalho para que possam proporcionar uma vida mais confortável a seus filhos, como é a situação da maioria das famílias brasileiras.

“Falar do CEI Recanto dos Querubins para mim, é falar da minha própria história. A gente ta aí no mercado de trabalho, construindo caminhos para realizar os sonhos e nesta contra partida tem os filhos. E aonde deixar? Na época que eu tive o primeiro filho eu não parei de trabalhar, não parei de estudar. Tive o segundo filho, agora tenho a terceira filha e o CEI Querubins participou de tudo isso. Ajudou, contribui para que eu pudesse trabalhar tranquila, sabendo que eles estavam num local seguro, sendo assistidos, além da assistência, com educação, com recreação, sendo atendidos em todos os aspectos” (Relato de Sandra - Mãe da Giovana – 5 anos)
Ao longo de 11 anos de atividade, o CEI vinculou-se à comunidade, não só do bairro Jardim Sofia, mas também do bairro Jardim Paraíso com a implantação da segunda unidade neste bairro, motivada pelo grande número de famílias que procuravam por vagas no bairro Jardim Sofia por causa da pouca oferta no seu bairro.

Além disso, no bairro Jardim Sofia inexiste atividades de cunho social, educacional, esportivo e cultural destinado para o contra turno escolar, favorecendo a vulnerabilidade de crianças, adolescentes e jovens da comunidade. Já no bairro Jardim Paraíso, também atendido pelo CEI Recanto dos Querubins, este atendimento existe, porém é escasso a demanda populacional.

Pensando na garantia do direito das crianças e adolescente, constituído em Lei, o CEI Recanto dos Querubins desempenha suas atividades tendo como missão: oferecer Educação Infantil à crianças de 1 a 5 anos através das propostas pedagógicas baseadas nas necessidades e curiosidades das crianças, indissociando o cuidar e o educar e complementando a ação da família; e os projetos sociais visam proporcionar, às crianças e adolescentes atendidos, condições para inserção social, cultural, esportiva e comunitária contribuindo para sua autonomia.

Garante-se às crianças acompanhamento pedagógico, horário flexível à necessidade das famílias, alimentação balanceada, repouso e atividades extracurriculares como: recreação infantil e contação de histórias. A ação prioritária é a valorização das crianças nas práticas cotidianas, através da proposta baseada na pedagogia de projetos. Valoriza-se as múltiplas linguagens infantis, estimulando as habilidades de cada criança a partir das atividades desenvolvidas, que priorizam a liberdade de expressão e o estímulo à curiosidade, disponibilizando as crianças os espaços necessários para realizarem os seus questionamentos.

O principal resultado é o desenvolvimento das potencialidades e o envolvimento das crianças através do aprender brincando em um contexto sócio–educativo-cultural diferenciado, que estimula as habilidades individuais e coletivas a partir de situações formais e informais, como o agrupamento das crianças por faixa etária diferentes em determinadas situações, a troca e organização de espaços adequados a cada linguagem explorada com a criança, ou mesmo para que a criança deixe transparecer os saberes intrínsecos nela, favorecendo a inserção em realidades que normalmente escapam às práticas tradicionais, valorizando, transmitindo e construindo cultura na infância.

“O meu filho, depois que ele começou a vir para o CEI, ele se desenvolveu bastante e o que ele aprende aqui, ele chega em casa e quer fazer também, quer falar, quer ensinar. Então para mim é muito importante o Querubins, ele me acolheu, acolheu o meu filho aqui está tendo um desenvolvimento muito bom e então estou muito feliz com o Querubins” (Relato de Zélia – Mãe do Carlos Eduardo – 3 anos)
Mas para que haja sucesso nesta proposta é necessário um investimento financeiro que nem sempre é possível suprir devido à condições financeiras precária das famílias, principalmente no bairro Jardim Paraíso, onde grande parte da população reside em área de invasão por não ter possibilidade de adquirir um imóvel de acordo com a legalidade. A contribuição das famílias é imprescindível para o bom funcionamento das atividades da instituição, pois as parcerias estabelecidas até o momento não suprem todas as despesas.

Hoje, com duas unidades, o CEI Recanto dos Querubins ainda passa por dificuldades financeiras, isso porque mesmo com todas as parcerias estabelecidas é necessário outras que possam suprir os investimentos destinados às crianças.

Pensando nisso, em 2010 foi criado a central de captação de recursos da instituição, que visa a elaboração de projetos destinados a instituições e financiadores preocupados com o desenvolvimento da educação e cidadania. Além disso, este setor é responsável em captar recursos para a implantação de projetos para crianças e adolescentes entre 07 e 18 anos, com os quais busca atender nas áreas: esportiva, ambiental e cultural.


Atualmente, estão em andamento os projetos: “Escolinha de Basquete” em parceria com a Brascola e a Escola de Educação Básica Senador Rodrigo Lobo que atende 100 crianças entre 7 e 16 anos com atividades esportivas. O projeto “Jornada Cultural – Aulas de Música” aprovado pelo Fundo da Infância e Adolescência e aguardo o recurso, e o “Projeto Cultivando sementes, aprendendo a preservar a vida – Educação Social e Ambiental” aprovado pela Fundação Municipal do Meio Ambiente – FUNDEMA, já em andamento e engajado as 160 crianças da educação infantil e comunidade em geral. Os principais resultados esperados são: o desenvolvimento de atividades sócio-educativas que possibilitem a diminuição da vulnerabilidade social, promovendo momentos estimulantes com aulas que ampliem a cultura dos atendidos e a manifestação de suas habilidades que serão refletidas posteriormente em suas vidas.

“Não é só a Educação Infantil, o CEI Querubins proporcionou para o bairro outras oportunidades” (Relato de Sandra - Mãe da Giovana – 5 anos)
As parcerias estabelecidas e que atualmente destinam-se para a manutenção da Educação Infantil não apresentam período de validade, sendo principais parceiros: Prefeitura Municipal de Joinville; Colégio Cenecista José Elias Moreira; Vama Industrial LTDA e Plastmix Moldes e Matrizes LTDA, Calçados Apollo; Sesc Joinville, Fundema com o financiamento do projeto “Cultivando sementes aprendendo a preservar a vida” e o FIA (Fundo da Infância e Adolescência) com o financiamento do projeto “Jornada Cultural”. Além disso, temos parceria com a Brascola para a realização do projeto “Escolinha de Basquete”.

“Há algum tempo atrás eu conheci a Alessandra, Marta e essas pessoas que fazem o Recanto dos Querubins e foi muito importante porque nós temos uma visão de que a solidariedade foi esquecida pelos homens. E essas pessoas que a gente conheceu, elas tem exatamente uma visão muito próxima do que a gente acha que deva ser o trabalho de nós que queremos mudar um pouquinho, transformar um pouquinho a nossa sociedade” (Relato de Alberto Bial – Técnico do time de Basquete Joinville e apoiador do projeto).

As atividades iniciaram contando apenas com voluntários e parceiros da comunidade, ao longo do tempo, com o crescimento e aprimoramento das atividades é que algumas atribuições profissionais foram surgindo.

Sendo uma necessidade social que atua numa área de extrema importância: a “Educação”, e tendo compromisso com os atendidos, a Instituição buscou em empresas locais e órgãos públicos a garantia de recursos financeiros para manutenção e melhoria dos serviços, e a contrapartida no pagamento das despesas conta com a contribuição das famílias, conforme renda per capita e também a realização de eventos para arrecadar recursos.

A relação da Instituição com a comunidade é aberta. As famílias, dentro das suas possibilidades, auxiliam voluntariamente na manutenção da instituição prestando serviços de acordo com suas aptidões, também participam ativamente dos eventos promovidos pelo CEI em que realizam atividades com seus filhos e todo o corpo docente da instituição.

Além de abrir espaço para as famílias, a Instituição disponibiliza o espaço para pessoas que necessitam cumprir penas alternativas, estas são encaminhadas pelo Ministério da Justiça após apresentarem perfil adequado para prestarem serviços na instituição.

Constantemente a instituição promove vivências com as famílias, reuniões de pais e reuniões individuais para constatar o que pode ser aperfeiçoado e melhorado no CEI, pois os mais interessados no funcionamento adequado da instituição são os pais que privam pelo bem estar de seus filhos.

Além das atividades com as famílias é realizado a cada 2 meses uma parada pedagógica em que os professores e funcionários da instituição se dedicam para se aperfeiçoar e opinar sobre melhoramentos possíveis para o bom funcionamento do trabalho.

Para 2010 a meta da instituição é implantar o projeto espaços temáticos em que serão organizados os espaços: biblioteca, brinquedoteca, ateliê de artes e ciências, recreação infantil e parques infantis, os materiais para essa implantação já foram aprovados pela Central do Dízimo – PROVIDA e será destinado a unidade Jardim Sofia, já para a unidade Jardim Paraíso as propostas já foram encaminhadas e estão aguardando aprovação.

Para 2011 nossa meta é implantar o projeto Jornada Ampliada – Plantando sonhos, desabrochando esperanças e construindo o futuro, que visará contribuir para o desenvolvimento integral de 150 crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, oferecendo um espaço com atividades educacionais, esportivas e culturais no período de contra turno escolar e noturno.

“A gente só pode ser feliz e estar um pouco mais confortável, quando nós tentamos ajudar os outros. E o Recanto dos Querubins ele é muito próximo do que a gente quer. E sem essa ajuda de um pelos outros, uns aos outros, a gente vai continuar estagnado e retrocedendo, e acabando com essa maravilha que é a nossa vida” (Relato de Alberto Bial – Técnico do time de Basquete Joinville e apoiador do projeto).

Por isso, buscamos ajuda e financiadores que se engajem a este ideal, que educa e proporciona dignidade aos atendidos. Este é um projeto de vida que envolve muitas vidas em busca de educação de qualidade, respeito a individualidade, trocas de experiências, amor e afeto, pois somos uma família e pensamos sempre no bem estar de todos. Para isso, contamos com muitas parcerias e todos podem fazer parte desta história, contribuindo para a manutenção e permanência das atividades da instituição.

Para saber mais acesse:
http://cei-recantodosquerubins.blogspot.com/
Fonte: Projeto Generosidade

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A difícil realidade do preconceito

O preconceito no ambiente de trabalho é algo muito mais comum do que podemos imaginar. No entanto, uma pessoa não deixa de ser competente pela cor de seus cabelos ou de sua pele – muito menos pelas suas crenças quanto à religião, política ou opção sexual. Competência se refere à capacidade de uma pessoa desempenhar determinada tarefa ou função, e isso nada tem a ver com tais questionamentos.

Infelizmente, o ser humano já possui naturalmente uma tendência a pré-julgar acontecimentos, coisas ou pessoas, de acordo com sua experiência ou vivência. Entretanto, muitos desses pré-julgamentos são permeados de outros pré-conceitos, o que acaba gerando uma bola de neve. Em nossa vida pessoal, nem sempre somos exemplos de humanismo e acabamos, vez ou outra, cometendo alguns atos discriminatórios. Entretanto, o que defendo aqui é a obrigação que todos nós temos de respeitar as opções ou peculiaridades de cada um.

O principal foco do meu trabalho é a seleção de profissionais para as outras empresas. Já imaginou se eu deixasse de apresentar um excelente profissional a um cliente por causa de alguma característica que foge dos parâmetros idealizados pela sociedade?! Isto seria inaceitável. Todos somos livres para ir e vir, e uma deficiência física ou uma ideologia particular não podem interferir em nossas capacidades comportamentais e, principalmente, técnicas e intelectuais.

É ignorância pensar que um profissional, para ser excelente, depende de escolha religiosa ou sexual, peso, aparência, sexo, idade, situação socioeconômica ou raça.

Existem situações que, infelizmente, ainda não conseguimos mudar. Como exemplo disso, posso citar o fato de as mulheres possuírem salários muito inferiores aos dos homens, mesmo ocupando cargos equivalentes. Isso vem da cultura altamente machistas que dizia que a mulher deveria ficar em casa cuidando dos filhos, enquanto os homens garantiam o sustento da família. Quando a mulher deu entrada no mercado de trabalho, acabou ocupando cargos mais operacionais e, até hoje, quando chega a postos mais estratégicos, tendem a ganhar menos do que os homens. É ou não é, de certa forma, um ato discriminatório?

Sinto-me na obrigação de defender qualquer tipo de diferença, pois sei que o bom profissional é traçado por altas doses de vontade de crescer, visão de mercado, crescimento intelectual, desenvolvimento de habilidades e, principalmente, por suas competências comportamentais: capacidade de liderança, relacionamento interpessoal, visão sistêmica etc. É ignorância pensar que um profissional, para ser excelente, depende de sua escolha religiosa ou sexual, de seu peso, aparência, sexo, idade, situação socioeconômica ou raça.
Fonte: Amanhã

Que filhos deixaremos para o planeta?

Por Regina Migliori*

Um dos aspectos que mais vem sendo usado como estímulo para atitudes sustentáveis é o apelo à responsabilidade pela herança que deixaremos para nossos filhos e netos.

Há um esforço concentrado para apagar a luz, economizar água, plantar árvores, deixar o carro na garagem, substituir o copo descartável, separar o lixo, dialogar com stakeholders, produzir relatórios de sustentabilidade, participar de eventos e debates sobre o tema, analisar as políticas públicas, acompanhar o cenário internacional, defender a Amazônia.

Para complicar mais ainda, há quem acredite que é preciso fazer tudo isso sem baixar os indicadores de consumo, mantendo o permanente aumento das necessidades produzidas pelo marketing em um mercado que precisa crescer sempre; que é impensável abalar o nível de desenvolvimento econômico desejado, a rentabilidade dos bancos e das empresas, o salário de todo mundo, o volume de carros produzidos, sejam poluidores ou não. Contribuímos para o aquecimento global com a destruição de florestas - coisa de país pobre. Mas também poluímos em função das atividades de produção - coisa de país rico.

Sem falar nas pequenas dificuldades do cotidiano pessoal. O que fazer com a banheira de hidromassagem, seus milhares de litros de água e espuma? E as sacolas de plástico que insistem em nos acompanhar na feira, no mercado, na loja, contendo um volume de compras que não cabe naquela sacolinha fashion, feita de material reciclado, que custou caro à beça, mas não resolve o problema de carregar as compras da família.

E o dia sem carro? Como sair de bicicleta em um dia de chuva, sem chegar ao trabalho em frangalhos, justo no dia de apresentar um importante projeto à diretoria? O carro combina com o status da posição na empresa, a bicicleta não. Fazer o que? Trocar de veículo, de emprego, de postura pessoal? Sem dúvida, reciclar é preciso. Mas já vi gente comprando latinhas extras no super mercado, só para ganhar a competição da reciclagem do lixo.

Desse jeito a conta não fecha. Então a gente compensa. Paga créditos para poluir com a consciência tranqüila, ou calcula o tamanho do estrago pessoal e planta árvores, enquanto seu lobo não vem. Mas a fábula não acabou, e o lobo vem vindo.

Talvez, o envolvimento com estes dilemas esteja nos ocupando tanto, que não resta tempo para percebermos o que vem ocorrendo com nossos filhos e netos. Que exemplos inspiradores praticamos no dia-a-dia da nossa convivência? Será que eles estão acompanhando o que de fato é relevante na atualidade? O que ensinamos a esta gente, para que conduzam novos trajetos de vida no curto prazo? Quem são os filhos que estamos deixando como herança para o planeta? O que precisamos mesmo é de uma profunda mudança de mentalidade, acompanhada de muita inteligência, competência e boa vontade. De onde virá isso?

com algumas poucas providências, que sem dúvida são relevantes, mas que nem de longe dão conta de atender aos desafios com os quais a humanidade está se defrontando. Em primeiro lugar, compreender que um modelo sustentável não se reduz às questões ambientais. Se é na mente das pessoas que se estruturam os modelos desestabilizantes da vida no planeta, então é da mente das pessoas que surgirão as soluções. Ou não. Tudo depende da forma como estas mentes estão se desenvolvendo.A onda da sustentabilidade corre o risco de se reduzir a modelos estereotipados. É preciso tomar cuidado

As soluções para as crises ambientais, econômicas, políticas, sociais passaram a depender de decisões de alcance global. Pela primeira vez na história, temos que nos entender como humanidade, como cidadãos planetários. A raiz dos desafios reside em encontrar parâmetros universais, harmonizar a diversidade, avaliar necessidades de forma equânime, viabilizar providências eficazes para nossos problemas globais. Esta pauta está presente em todas as áreas de atuação, exigindo novas formas de pensar e agir.

Porém, não dispomos destes métodos. Não sabemos bem o que fazer. Nesta circunstância, a primeira providência é admitir que o “não conhecido” é muito maior do que o “conhecido”.

Se não conhecemos as respostas para os desafios da atualidade, é preciso interromper o círculo vicioso, autoritário e pouco inteligente, em que exigimos das crianças e jovens que nos devolvam a resposta certa. Esta postura é mantenedora de modelos. Crescerão como adultos adaptados ao modelo vigente, com pouca capacidade criativa e grande aptidão para repetir mais do mesmo. Caso consigam um emprego, exigirão muito esforço das equipes de RH, que por sua vez, centradas no mesmo modelo ultrapassado, insistem em desenvolver competências que já nem sabem mais para que servem. Este circuito pode ser rompido com ousadia, ética, inteligência, responsabilidade e capacidade transformadora.

O momento exige a criação de novos modelos de trabalho, produção, gestão, uso de tecnologia e das matrizes energéticas. Requer a humanização dos relacionamentos entre as pessoas, culturas e países, além de novas formas de organização social e política que dêem conta de acolher a velocidade do processo de transformação.

Ainda não sabemos fazer isso. Mas teremos que saber. E depende de nós mesmos criarmos estas condições. Em lugar de respostas certas sobre um modelo questionável, estimular e validar a pergunta, a investigação, a atuação ética. São outras inteligências em ação.

Porém, antes de começar a discutir qual a melhor metodologia investigativa, é preciso recuperar a humildade para revisar tudo o que nos parece importante, estável e imprescindível. No mínimo, abandonar posturas e abordagens que nos colocaram nesta encrenca global. A boa notícia é que há alternativas disponíveis. O outro lado da moeda é que essas novas abordagens exigem um alto grau de transformação pessoal, profissional, organizacional, social, e política.

Mas não é isso que ensinamos. O que o jovem tem ouvido sobre o mundo é mais preocupante do que inspirador. O futuro deixou de ser utopia, tornou-se uma dúvida mal formulada. Ninguém merece tanta desesperança.

Recente pesquisa realizada pela MTV apresenta resultados inquietantes. Quando pensam no futuro, os jovens citam o aquecimento global e a falta de água. Mas estas preocupações são ofuscadas por outra pauta. Os atuais campeões nos índices de preocupação da juventude são: violência, desemprego, tráfico de drogas, e fome.

Como se não bastasse, 43% dos jovens brasileiros não conhece a palavra sustentabilidade; 42% nunca ouviu falar em desenvolvimento sustentável. Por outro lado, somente 5% conhece a Carta da Terra, e 3% participa de movimentos ambientais.

É inevitável perguntar: sobre o que estamos conversando com os jovens? Preocupados com o planeta que deixaremos para nossos filhos, nos descuidamos deles.

* Regina Migliori é educadora, advogada, escritora, pioneira no Brasil em projetos de Educação e Gestão centrados em Valores, Ética e Sustentabilidade. Como Diretora Presidente do Instituto Migliori, tem realizado projetos junto a governos, empresas, e instituições de educação. Coordenou o MBA em Gestão com foco em Ética, Valores e Sustentabilidade na Fundação Getúlio Vargas. Estão entre seus clientes: Governo do Estado de Minas Gerais, UNESCO; Polícia Militar do Estado de São Paulo; Banco Real, Grupo Votorantim, Natura, entre outros; é autora de livros, CD-Rom, e programas de e-learning.
Fonte: Portal de Jorge Espeschit

Lei obriga CDC disponível em todos os estabelecimentos comerciais

Carlos Eduardo Neves

A Lei 12.291 de 2010 torna obrigatória a manutenção de um exemplar, no mínimo, do Código de Defesa do Consumidor nos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.
Parece ser nítida a intenção do legislador de promover a vulgarização do CDC, que já tem quase 20 anos de criação, a fim de que ele seja observado pelos empresários e, por sua vez, conhecido pelos consumidores em geral.

No Brasil, ao contrário da américa do norte (EUA) e de alguns países da Europa, a cultura dos direitos do consumidor é incipiente, não obstante os quase 20 anos de sua existência. Necessário, portanto, que o Código de Defesa do Consumidor seja mais conhecido e aplicado.

Nesse sentido, visando a tornar mais conhecido e aplicado o CDC, aduz o artigo primeiro da Lei 12.291/2010 que “os estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços obrigados a manter, em local visível e de fácil acesso ao público, 1 (um) exemplar do Código de Defesa do Consumidor.”

A intenção é boa e, por isso, deve ser aplaudida, mas, levando-se em conta que o pais tem ainda muitos analfabetos, cerca de 16 milhões, de acordo com a ASSEEC, a Lei pode não ter tanta efetividade, como outras no Brasil. Ademais, deve-se levar em conta os analfabetos funcionais existentes, que são, certamente, muitos.

Dito isso, o descumprimento da Lei dará causa à multa de até de até R$ 1.064,10 que será aplicada “pela autoridade administrativa no âmbito de sua atribuição”. Nesse aspecto a Lei poderia ser explícita quanto à autoridade, haja vista que a Lei é voltada para os empresários e consumidores principalmente.

Sem embargo, houve veto do Presidente da República, mensagem 420/ 2010, em relação à penalidade de suspensão temporária da atividade; e de cassação da licença do estabelecimento.
Constam das razões do veto que o “Código de Defesa do Consumidor restringe a aplicação das penas de suspensão temporária da atividade e de cassação de licença somente para as infrações de maior gravidade e, ainda, apenas quando houver reincidência, restando desproporcional sua adoção quando do descumprimento do disposto na presente proposta.”

Com isso, anote-se que a Lei está em vigor desde a data da sua publicação, ou seja, dia 20 de julho de 2010, conforme seu artigo 3º.

Assim, sem contar a obscuridade da Lei no atinente à autoridade que vai aplicar a punição por descumprimento, pode-se dizer que a Lei é, de início, meritória, conquanto seja singela. De outro modo, se vai surtir efeitos salutares, só o tempo dirá.
Fonte: Blog DireitoNet

Estudo liga pobreza e genética

Pesquisadores dos EUA dizem que adolescentes que possuem uma variante de gene ligada à serotonina (neurotransmissor que regula o humor, sono, memória e aprendizagem) têm mais tendência a sofrer de problemas psiquiátricos se viverem na pobreza.

O estudo, primeiro a identificar a espécie de gene associado com tendências psicopatas na juventude, foi divulgado neste mês no Journal of Abnormal Psychology.

Pessoas consideradas psicopatas geralmente são mais insensíveis e frias do que as demais pessoas, segundo o professor de psicologia Edelyn Verona, da Universidade de Illinois, autor do estudo.

- Pessoas com traços psicóticos tendem a ser menos ligados em outras pessoas, mesmo que tenham relações com elas, mas podem ser encantadores às vezes e são os melhores em iludir e manipular os outros, já que têm baixos níveis de empatia e remorso.

A nova pesquisa focou duas variantes do gene de uma proteína transportadora da serotonina. Chamadas alelos, as duas diferem no tamanho e na forma de transporte, o que os pesquisadores suspeitam que resulte em mais ou menos serotonina no cérebro. A consequência disso é a alteração do perfil comportamental.

Estudos anteriores descobriram que pessoas muito impulsivas e agressivas tendem a ter menos serotonina no cérebro do que outras pessoas, enquanto as que apresentam traços psicóticos geralmente têm níveis mais elevados. Outro estudo associou o comportamento muito impulsivo com alelos menores.

Em dois estudos separados, a equipe de Verona descobriu que as crianças e adolescentes com alelos maiores mostraram mais traços psicóticos se eles também tinham viviam em ambientes mais pobres. Essas crianças mostraram-se mais arrogantes, falsas e menos sensíveis emocionalmente as adversidades do que os demais analisados. Já os jovens que tinham alelos longos e um perfil social mais elevado, no entanto, mostraram poucas características psicóticas, sugerindo que o alelo maior é suscetível ao ambiento socioeconômico.

Já as crianças com o alelo mais curto mostraram mais impulsividade, independente de sua situação socioeconômica.

- Esta é a primeira evidência genética de que estes dois tipos têm origens diferentes.
Fonte: R7

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Botando banca

A cultura de rua contestadora, que aborda violência, preconceito e exclusão, levou Marcelo Silva Rocha, o DJ Bola, a fundar A Banca, uma produtora sociocultural de hip hop no Jardim Ângela, na zona sul da cidade de São Paulo, em 2000. O bairro, em que Bola nasceu e cresceu, já foi considerado um dos mais violentos do mundo — era marcado por brigas de gangues e homicídios quando o DJ começou o trabalho. Bola e seus parceiros tinham uma ideia oposta de como deveria ser o lugar que viviam. Passaram, então, a usar os shows e ensaios abertos dos DJs e grupos musicais do bairro para integrar a comunidade e afastar as pessoas da violência. “Levamos cultura para onde não existia”, diz Márcio Teixeira da Silva, mais conhecido como Makrrão, o tesoureiro do grupo.

Hoje, A Banca é formada por quatro amigos. Além do Makrrão e do DJ Bola, que ocupa a presidência, Alexandre Oliveira — o Negro Antão, e Alan Benelli, conhecido como Alan Shark, trabalham nos diversos projetos da organização. Todos são focados na divulgação da cultura hip hop e de seus quatro elementos: o rap (geralmente cantado pelo MC, que faz “efeitos” sonoros com a boca), a discotecagem (feita pelo DJ), a breakdance (performances de dança de rua) e o grafite (os desenhos nos muros fazem parte da cultura também). Com o objetivo de incentivar talentos locais, A Banca promove dois tipos de shows. Os maiores costumam atrair 5 mil pessoas e têm como chamariz a apresentação de nomes famosos na cena do rap e do hip hop, como os grupos RZO, Ao Cubo e Z'África Brasil. Outro evento, o itinerante Ensaio Aberto, mistura apresentações curtas com workshops sobre a cultura das ruas.

Os participantes que querem se aprofundar na história podem fazer parte das oficinas de DJ, MC e violão ministradas toda semana na garagem da casa do DJ Bola, a sede da organização. Desde 2007, já se formaram mais de 600 jovens da comunidade. “Nos preocupamos em levar conscientização e mostrar que o hip hop pode ser uma ferramenta de sobrevivência”, diz o fundador. Foi o que aconteceu com Rodrigo Alves Araújo, o DJ Zé Bola (qualquer semelhança com seu mentor é mera coincidência). Em 2008, o jovem entrou como aluno na oficina de DJ. Logo passou a dar aulas de discotecagem e hoje, aos 21 anos, tem seu próprio projeto cultural, o Lá do Morro. “Sinto gratificação pelo meu trabalho”, diz Zé Bola.

O lado educacional do grupo também envolve parceria com instituições sociais do bairro, como o Centro Maria-Mariá de Formação e Requalificação Profissional da Mulher. Com isso, A Banca promove em seus eventos discussões sobre a importância do resgate da cultura popular, da atuação política e da participação das mulheres no hip hop. Os integrantes da produtora trabalham ainda em campanhas diretas de educação e saúde. Munidos de equipamentos de som, volta e meia a turma ocupa praças e quadras esportivas da vizinhança e usa o microfone para transmitir informações úteis sobre saúde e serviço público a quem passa por perto. “Somos parte dessa juventude, temos o mesmo estilo, a mesma linguagem e conseguimos chegar até eles e explicar a importância de se cuidar”, afirma Makrrão.

Cientes do impacto desse trabalho, os quatro amigos que formam A Banca desenvolvem novos projetos. Em 2010 concretizaram mais um, o Poetas Escondidos, em que mais de 70 pessoas da comunidade participaram da gravação de um CD. “Além de fazer o bem para as pessoas, fazemos o bem a nós mesmos”, diz Bola. “Moramos aqui, nossos filhos e netos continuarão aqui e por isso lutamos para que eles tenham respeito e mais consciência em busca da qualidade de vida.” Falou bonito.
Fonte: Revista Galileu

Os bastidores de TV Cela, programa para ressocialização de detentas

É dia de visita na Cadeia Pública Feminina de Votorantim, cidade que já foi distrito de Sorocaba e fica a 100 km de São Paulo, e a alegria é palpável em cada conversa. Mas, como é habitual no sistema prisional brasileiro, existem mais bocas por aqui do que deveria. Construída para abrigar 48, a cadeia está agora com 172 e já chegou a ter pouco mais de 200 reeducandas – termo utilizado para substituir o estigmatizado “presidiária” e que revela o desejo por ressocialização. Com tantas mulheres juntas, o burburinho não tem fim, nem mesmo quando chega a hora de as visitas irem embora, pois a melancolia das despedidas é logo substituída pela euforia das lembranças. E elas cantam, batem palmas, riem. Mas o dia ainda não acabou e é hora de começar a gravação de mais um programa do TV Cela.

Criado e coordenado voluntariamente pelos jornalistas Werinton Kermes e Luciana Lopez, o TV Cela teve início em setembro de 2009 e é filho direto de um programa de rádio chamado Povo Marcado, realizado no mesmo local entre 2007 e 2008. O estímulo sempre foi muito claro e de mão dupla: os programas servem para desfazer preconceitos da sociedade sobre o universo da carceragem e, ao mesmo tempo, as detentas se descobrem capazes de habilidades até então desconhecidas: afinal, são elas que assinam roteiro, produção, apresentação e câmera.

“A gente não costuma perguntar sobre o passado, mas sabemos que a grande maioria veio parar aqui por tráfico de drogas ou por associação ao tráfico. E quase todas ainda estão esperando, presas, a sentença. Por isso, nossos assuntos giram sempre sobre o futuro”, explica Luciana. E assim elas falam de saúde, cultura, direitos humanos, leis, beleza e trabalho, além de uma entrevista especial por programa, que é veiculado em canais comunitários, como a TV Votorantim, e apoiado pela Associação Cultura Votorantim e pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio.

A “cela-estúdio” é montada rapidamente em um dos corredores da cadeia, enquanto um maquiador faz o seu trabalho na apresentadora Iara de Mello e na cinegrafista Edicleusa Gomes, que, experientes, estão no projeto desde o início. Existe um rodízio entre as integrantes da equipe que faz o TV Cela, um tanto para envolver um número maior de detentas, mas também por causa de ocasionais liberdades e transferências.

“O cotidiano aqui é muito parado, então, quando o projeto apareceu, foi uma maravilha, me deu uma nova esperança”, diz Edicleusa, mãe de três filhas e natural de Itu. “Sabe uma coisa que me impressionou? A repercussão do que a gente faz, lá no blog [projetotvcela.blogspot.com], e em cartas que recebemos. Tem do Brasil inteiro, principalmente depois de um programa que fizeram sobre a gente lá na ESPN”, explica Iara, que era auxiliar de modelista em Tietê e agora pensa em apresentar uma atração para jovens. No momento, e um pouco nervosa, entrevistará o jurista e político Hélio Bicudo, que, antes de começar o programa, pede para conhecer a cadeia de cela em cela.
por Dafne Sampaio
Fonte: Revista Monet

Com R$ 2 ao mês, favela vira conjunto habitacional

Guardar um ou dois reais por mês pode parecer despropositado. Mas a pequena quantia representou para 600 famílias a diferença entre morar em barracos de uma favela e habitar apartamentos de dois dormitórios. Por trás da mudança está o fortalecimento de uma comunidade – que aprendeu com o auxílio de uma ONG a se organizar politicamente.

O operador de empilhadeiras Alexandro Moraes da Silva se lembra de quando ele e sua mulher, grávida de oito meses, foram removidos pela prefeitura de Osasco para a Favela dos Portais, em 2002. “Mandaram a gente para um lugar no meio da mata. Nós fomos praticamente escondidos aqui”, afirma. Durante a mudança, a Secretaria de Habitação disse que a área havia sido alugada por seis meses – depois as famílias seriam enviadas para outros locais. Mas Érika, a filha de Alex, aprendeu a andar, falar e brincar nas ruelas da favela, sem que nada houvesse acontecido.

Em 2005, Alex ouviu sua vizinha, a dona de casa Jailza Sobraes da Silva, falar de uma ONG que ajudaria a comunidade a se organizar para fazer cobranças ao Poder Público. Sob olhares desconfiados, em uma reunião que, segundo Jailza, aconteceu “bem no meio da rua”, foi explicada a proposta dos membros da Rede Interação, ligada ao grupo internacional Slum/Shack Dwellers International (SDI), que no Brasil atua em Várzea Grande Paulista, Taboão, Sorocaba, Santos, Recife e Olinda.

Segundo o psicólogo Altemir Antonio Almeida, um dos fundadores da entidade, o primeiro passo em Osasco foi criar uma poupança comunitária. Administrado por três moradores da favela, o fundo tem uma conta no banco, e, para sacar o dinheiro, o trio precisa estar presente. Cada família contribui com a quantia que consegue, e quem quiser sacar seu dinheiro pode fazê-lo sem punições.

Aos poucos, Alex percebeu que os participantes da poupança aumentavam suas redes de contato dentro da favela – e também na prefeitura. “Quando vi o pessoal participando de reuniões com a Secretaria de Habitação e usando o dinheiro como contrapartida para mudanças no bairro, eu quis entrar”, diz Alex, que hoje é um dos tesoureiros e atua no intercâmbio da ONG em outras comunidades.

Com a poupança consolidada, os moradores fizeram um levantamento sobre os habitantes da comunidade. “Quando o pessoal do IBGE vem fazer o censo, costuma passar apenas durante o dia, por medo de entrar na favela à noite, e não fala com todo mundo. Já a gente sabia quando e onde encontrar as pessoas”, diz a feirante Marlene Salustiano da Silva. Os dados coletados foram reconhecidos pela prefeitura e serviram de base para negociar a construção de um conjunto habitacional adaptado às necessidades daquela população.

Hoje, as obras quase finalizadas ocupam o lugar da favela – e a poupança é fundamental para as famílias. As moradias serão entregues sem acabamento, e cada um terá de arcar com esses gastos, além de despesas até então inéditas, como contas de luz, água e as prestações dos imóveis. “Vemos muitos conjuntos habitacionais deteriorados, porque, sem manutenção, a coisa vira uma favela vertical”, afirma Alex. Ao mostrar o local onde em breve irá morar, ele se lembra de quando chegou à região. “Eu achava que, para conseguir moradias como essas, o presidente teria de passar de avião, olhar pela janela e falar ‘vou urbanizar bem ali’. Agora, eu sei que não é assim.”
Fonte: Revista Época

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A Educação tira as crianças da rua

O Instituto A Casa do Jardim começou em 2001. Começou com a nossa indignação ao ver crianças remexendo o lixo atrás de material reciclável. Crianças de todas as idades, tamanhos, cor e sexo, mas com algo triste em comum: extremamente pobres e com suas mãozinhas sujas e machucadas. Começamos ajudando uma criança, Franciele, hoje temos 105. Crianças carentes, desnutridas, muitas doentes, mas elas só precisam de uma chance para mudar este ciclo de miséria. E nós daremos esta chance a elas com nosso Instituto. Por 06 anos, nós atendemos nossas crianças nas esquinas de Santo André. Hoje, temos nossa sede que é alugada por um empresário de Santo André.

Todas as nossas crianças vão à escola, têm de 0 a 16 anos, infelizmente muitas delas, após as aulas, saem para as ruas para catar papelão ou vender balas. Muitas delas são subnutridas, têm vermes, algumas têm doenças graves, raquitismo, paralisia cerebral, etc. Nossas crianças vêem do Jardim Represa, Vila João Ramalho, Cata Preta, Morro dos Eucaliptos, Jardim Irene, etc. Todas são proibidas de ir aos faróis. Todas têm sonhos. Nosso objetivo é que as crianças carentes venham para o Instituto após as aulas. Lá, elas terão atendimento, alimentação, reforço escolar, aulas de línguas, música, computação, esporte, canto, dança, artesanato, etc. Parte disso já está acontecendo.Arrecadamos principalmente: arroz, leite, feijão, macarrão, fubá, óleo; roupas e sapatos, brinquedos, livros de leitura, material escolar, remédios, etc.

Temos crianças especiais que precisam de fisioterapia e remédios: Temos crianças sub nutridas que precisam de uma alimentação adequada: Quase todas precisam de dentista, de um esporte, de aulas de computação. Por isso, lutamos agora, não esperamos, estamos a cada dia melhorando, conseguindo mais voluntários, doações e padrinhos /madrinhas para nossos príncipes e princesas que têm esperança e fé em um futuro melhor. Todas as nossas crianças vão à escola ou à creche;Nenhuma se envolveu com a polícia;90% moram em barracos;Nenhuma mora nas ruas;A maioria das crianças cresceu bebendo fubá com água;70% dessas crianças estão com a dentição danificada;55% estão abaixo do peso e altura;68 crianças estão abaixo do nível de pobreza;Poucas têm acesso a remédios;40% de nossas crianças são raquíticas;90% delas são criadas somente pela mãe ou avó;30% delas passam fome pelo menos uma vez por semana;Todas sonham com um futuro melhor.

Neste exato momento, mais de 600 milhões de crianças estão passando fome, dormindo nas ruas, catando papelão para sobreviver, morrendo nas guerras, roubando para comer. Todas têm algo em comum: SÃO INVISÍVEIS AOS OLHOS DA SOCIEDADE! Cerca de 60 milhões de crianças moram nas ruas, sendo que 5 milhões só no Brasil. De cada 4 crianças no mundo, 3 vivem na pobreza, isso faz com que elas tenham que sobreviver com menos de 3 reais por dia. Cerca de 40 milhões de crianças sofrem maus-tratos e não têm como se defender. No mundo 121 milhões de crianças nunca foram à escola. Nos últimos 15 anos, 2 milhões de crianças morreram em guerras, 6 milhões foram mutiladas e 1 milhão se perdeu ou foi separada dos pais. A cada 15 minutos, uma criança menor de 15 anos morre em decorrência da Aids no mundo. Só no Brasil 21 mil crianças têm Aids. Cuidamos de 105 crianças carentes, é pouco, mas já é um começo.

Para saber mais acesse o site:
http://www.projetoacasadojardim.com.br/

Participe do Projeto Generosidade
Entre no site http://www.projetogenerosidade.com.br/ e conte sua história do bem. Você pode relatar sua própria ação transformadora ou a experiência de alguém - ou de um grupo - que pratique atos generosos.
Fonte: Projeto Generosidade

Em dez anos, plano de saúde antigo subiu quase o dobro da inflação

As mensalidades dos planos de saúde individuais/familiares antigos (contratados antes de 1999 e não adaptados) podem aumentar até 10,91% este ano, como divulgou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na última sexta-feira (30/7).

Tal índice foi autorizado para a Bradesco Saúde, Itaúseg e Sul América, operadoras que mantêm Termos de Compromisso (TC) com a ANS. Para a Amil e a Golden Cross, que também têm acordos com a agência, o reajuste máximo foi definido em 7,3%.

Para os planos antigos das demais operadoras, se o contrato não previr um índice claro de reajuste, deve-se aplicar o mesmo percentual aprovado para os contratos novos, definido este ano em 6,73%. Os TCs firmados entre a ANS e as cinco operadoras, que concentram boa parte do mercado, no entanto, garantem o aumento diferenciado, frequentemente maior que o dos planos novos.

Por conta dos critérios diferenciados, os planos com TCs acumularam reajustes muito maiores nos últimos anos. Enquanto de 2000 a 2010 os planos individuais/familiares novos subiram 136,65%, as mensalidades dos planos individuais/familiares antigos da Sulamérica aumentaram 200,32%.

Quando se compara os reajustes acumulados dos últimos dez anos com a inflação do período, o impacto para o bolso do consumidor fica ainda mais evidente: o IPCA registrado foi de 105,29 - ou seja, a mensalidade da Sulamérica subiu quase o dobro.

Veja a tabela com a comparação entre os reajustes acumulados dos contratos antigos com TC, os novos e a inflação.

O Idec não concorda com a adoção de critérios diferentes para planos novos e antigos. "O Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor tem questionado a forma de cálculo do reajuste anual dos contratos novos utilizada pela ANS, mas a considera mais transparente do que o critério de variação de custo presente nos Termos de Compromisso", ressalta Daniela Trettel, advogada do Idec.

O Instituto, assim como o Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual de São Paulo, questiona os TCs na Justiça. Ainda não houve decisão definitiva.

Como vai funcionar o reajuste
De acordo com a ANS, os aumentos podem ser aplicados a partir de julho de 2010, aos contratos com data de aniversário entre junho de 2010 e maio de 2011 para a operadora Amil, e entre julho de 2010 e junho de 2011 para as demais, não podendo haver cobrança retroativa ao período anterior a julho de 2010.

Caso haja defasagem de até dois meses entre a aplicação do reajuste e o mês de aniversário do contrato, é permitida cobrança retroativa, mas esta deve ser diluída pelo mesmo número de meses. Por exemplo, se o aniversário do contrato é em julho e o reajuste for aplicado em setembro de 2010, poderá ser cobrado nos meses de setembro e outubro o valor referente ao reajuste que não foi aplicado nos meses de julho e agosto, respectivamente.
Fonte: IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor