segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Observatório na Amazônia vai estudar trocas gasosas na atmosfera

Está previsto para começar a operar no próximo ano o Observatório Amazônico de Torre Alta (ATTO) que vai estudar e modelar as trocas gasosas na atmosfera. O projeto é resultado de parceria entre Brasil e Alemanha. No plano nacional estão envolvidos o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Universidade do Estado do Amazonas. Do lado alemão, o Instituto Max Planck de Química.

O ATTO vai estudar os processos de formação das nuvens e o regime de chuvas, que é influenciado pelas trocas gasosas entre a atmosfera e a floresta (biosfera) por meio de aerossóis (partículas de origem anorgânica ou orgânica). O laboratório terá uma torre de 320 metros, que será instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no interior do Amazonas. O observatório está sendo implementado, mas requer enorme logística como instalação de laboratórios, moradias, sistema de energia e meios de acesso ao local.

A unidade de pesquisa vai funcionar 24 horas por até 30 anos. Segundo o pesquisador do Max Planck Jochen Schöngart, o ATTO, além de atingir uma maior área, diferente das torres pequenas do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), fornecerá dados mais confiáveis sobre os serviços ambientais prestados pela floresta Amazônica e sua interação com a atmosfera.

“A vantagem dessa torre é o alcance na camada limite atmosférica, com isso vai obter um sinal muito estável, não sofrerá tanto as variações de dia e noite. O problema dessas pequenas torres é essa variação de dia e noite. À noite, as turbulências na floresta são muito baixas, o gás carbônico não é mais visível no fluxo vertical”, diz Schöngart.

De acordo com o coordenador do projeto pelo lado alemão, Jürgen Kesselmeier, o ATTO vai criar um vínculo entre os dados obtidos na terra e observações obtidas por meio de sensores nos satélites, além de um monitoramento por décadas. Um projeto complementar ao ATTO, o Claire, vai fornecer informações sobre o processo de oxigenação dos radicais na atmosfera. O Claire terá duas ou três torres, com alturas de 60 a 80 metros, e ficará localizado na mesma área do ATTO.

As medições dos gases serão em tempo real. Um das torres terá um elevador anexado, com um laboratório completo, que se moverá 24 horas verticalmente, com a velocidade aproximada de 2 a 4 metros por minuto. O coordenador Kesselmeier compara os radicais como “detergente da atmosfera”, responsável pela limpeza. Ele cita o exemplo do radical hidróxido, que pode afetar o metano. São gases que limpam a atmosférica.
Fonte: Portal Terra

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