quarta-feira, 12 de maio de 2010

Reviravolta política já provoca resistência de boa parte dos eleitores a Paulo Hartung

Renata Oliveira
Foto: Ricardo Medeiros

Para o mercado político, a queda no peso da influência do governador Paulo Hartung na escolha de seu sucessor na eleição deste ano pode ser medida nas ruas Estado afora. Alguns políticos têm sentido uma forte resistência do eleitorado ao nome do governador depois da reviravolta política, do último dia 28 de abril, que descartou Ricardo Ferraço (PMDB) da candidatura ao governo e colocou no seu lugar Renato Casagrande (PSB).


Embora o governo negue, a mudança foi costurada em Brasília como parte do acordo com o PSB que resultou no recuo da candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) à presidência da República. O governador Paulo Hartung, porém, afinou o discurso com Ricardo e Casagrande para que a decisão fosse passada aos meios políticos e à população como uma manobra local.


A expressão sofrida de Ricardo Ferraço e a declaração de que fora “consumido pelo fogo amigo” transformaram o governador no algoz de seu vice e a imagem chegou ao eleitorado, sobretudo àquele propenso a votar no peemedebista.


O ônus pela dissolução do bloco que apoiava Ricardo Ferraço foi parar na conta de Hartung e, em principio, a ideia geral era de que a insatisfação havia se instalado na classe política, sobretudo entre membros do bloco aliado de Ricardo Ferraço. Mas nas ruas o sentimento parece ter tomado conta do eleitorado, que vem demonstrando grande resistência ao governador e externando a indignação com a manobra.


O que gerou a indignação do eleitor, assim como da classe política, foi a forma como a mudança se processou. O anúncio aconteceu em uma semana em que vários partidos estavam declarando apoio à candidatura do vice e Ricardo aparecia na frente na corrida eleitoral. Sem grandes explicações, o governador apareceu em uma entrevista coletiva dizendo que o cabeça da chapa havia sido trocado.


Diante do desgaste causado pelo episódio, os partidos tendem a orientar seus candidatos a manterem a independência da imagem de Hartung, até que a situação se amenize. Mas, se o governador não trabalhar a recuperação de sua imagem, nitidamente arranhada depois da manobra, pode acabar não tendo o mesmo destaque de antes no palanque de seus aliados.


Tanto Renato Casagrande (PSB) quanto Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) são da base aliada do governador Paulo Hartung, mas, se a queda no poder de influência do governador atingir sua popularidade, os candidatos podem ter dificuldade em caminhar com o governador, independentemente de quem ele vier a apoiar.


Uma pesquisa publicada nessa terça-feira (11) mostrou que, apesar dos 49% de influência do governador na escolha do sucessor, o peso de sua indicação caiu cerca de 20% em relação à pesquisa anterior, que era de 69%. O índice não significa queda na popularidade do governador, mas, se o desgaste perdurar, a aprovação de Hartung pode ficar prejudicada na visão do eleitor.

Fonte: Século Diário

Nenhum comentário:

Postar um comentário