quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sacolinha "oxibio" ganha espaço no mercado

Material se degrada em apenas três meses, mas tecnologia é cercada de polêmica.

Lojas bastante conhecidas, como C&A, Riachuelo, Pernambucanas e Kopenhagen , passaram a adotar as sacolas oxibiodegradáveis - que se degradam mais rapidamente que as comuns, principalmente quando expostas ao sol.

Essas controversas sacolas são feitas a partir de combustíveis fósseis, como as convencionais - o que contribui para o aquecimento global -, mas recebem um aditivo que agiliza sua decomposição.

De acordo com Eduardo Van Roost, diretor da RES Brasil, empresa que produz o aditivo, as oxibiodegradáveis já tomam conta de cerca de 18% do mercado de sacolas e sacos. E, no mundo, são produzidas em um total de 92 países e "encontradas em muitos outros".

A sacola pode se desfazer em três meses - se estiver exposta a sol e calor - ou em 18 meses - se estiver guardada dentro de casa. As comuns levam dezenas de anos para desaparecer.

As empresas explicam nas próprias sacolas o motivo que as levou a adquirir as oxibiodegradáveis.

A Saraiva, por exemplo, escreve que a sacola é "ecologicamente correta" e que a empresa, dessa forma, ajuda "a preservar o meio ambiente".

A Fototica diz em seu saco plástico que "tem consciência da importância da preservação do meio ambiente". Também afirma que "o que antes levava 300 anos para se decompor" agora "passa a acontecer em bem menos tempo".

Apesar do sucesso no mercado, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) não têm grande simpatia pelas sacolas oxibiodegradáveis.

A Plastivida, entidade que representa a cadeia produtiva do plástico, também é contra. "A polêmica surge toda vez que aparece um produto novo. Mas o sucesso dos oxibiodegradáveis se deve à perseverança nos testes. Acho que não existe um material tão testado. E eles não mostram toxicidade do produto", diz Van Roost.

Ele ressalta que o aditivo está em conformidade com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e hoje é usado também em embalagens de alimentos, como os pães do grupo Bimbo (que inclui as marcas Pullman e Nutrella).

Segundo a empresa, os plásticos e aditivos desaparecem por completo e sobram da degradação apenas água, pequena quantidade de CO2 e biomassa. Porém, assim como ocorre em relação aos plásticos convencionais, se houver tintas ou pigmentos nocivos ao meio ambiente eles vão permanecer na natureza.

Fragmentação

A campanha do ministério Saco é um Saco diz algo diferente: que o plástico com aditivo "apenas se fragmenta em pedaços menores, muito mais difíceis de conter que um saco plástico inteiro". E podem, assim, acabar se depositando em rios, ingeridos por peixes e outros animais.

Francisco de Assis Esmeraldo, presidente da Plastivida, chama o material de "engodo". "As pessoas pensam que a sacola sumiu. Mas, na verdade, ela continua na natureza, fragmentada e espalhada. É uma poluição que não te agride, porque você não enxerga, mas é muito mais grave."
A RES Brasil afirma que interesses econômicos motivam as críticas às sacolas oxibiodegradáveis. Mas Esmeraldo diz que, como as sacolas usam praticamente o mesmo material (com exceção do aditivo), para o setor em si a sacola não traz prejuízo. "Somos contra porque sabemos que, daqui a alguns anos, o problema ambiental vai aparecer."

A Plastivida considera que um benefício real ao ambiente virá somente com a redução do uso de sacolas. As campanhas de conscientização dos consumidores têm dado resultados: em 2007 foram usadas 17,9 bilhões de sacolas. No ano passado, o número caiu para 15 bilhões. "Nossa expectativa é chegar aos 14 bilhões neste ano", diz Esmeraldo.
Fonte: O Estado de São Paulo

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