terça-feira, 27 de julho de 2010

Suplência questionada

A polêmica figura do suplente de senador volta a ganhar destaque nos debates políticos. Diversos motivos reacendem o questionamento sobre a legitimidade deste ator no cenário institucional.

No Paraná, 28 entidades da sociedade civil, com a OAB à frente, concentram ações em torno do movimento "O Paraná que Queremos", que prega mudanças na política estadual e nacional. Dentre as reivindicações aos candidatos à Presidência da República está o fim dos suplentes de senadores.

É a mesma bandeira defendida pelo PNBE - Pensamento Nacional das Bases Empresariais. A entidade sugere uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) suprimindo a figura do suplente de senador da forma como foi criada, isto é, sem receber o voto direto dos eleitores.

O fim da suplência sem voto para o Senado é uma dentre várias propostas das entidades de classe para modernizar a estrutura do Legislativo. Alegam que práticas políticas inadequadas ou atrasadas contribuem para emperrar avanços em diversas atividades, dificultando reformas estruturais, como a tributária.

A polêmica está no critério de escolha do suplente de senador. É diferente da regra que vive em todas as demais casas legisltivas. Na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras Municipais, os suplentes disputaram mandato, portanto foram votados.

No Senado, o suplente é integrante de uma chapa na qual só foi votado o titular. Se o senador eleito falecer, renunciar ou se licenciar, assume o primeiro suplente. Caso este também deixe a Casa, a cadeira será ocupada pelo segundo suplente da mesma chapa. Muitos deles não têm o nome conhecido pelos eleitores dos Estados que representam.

Atualmente, entre os 81 senadores estão em exercício 20 suplentes. Ou seja, 25% do total não receberam sequer um voto para estar na Câmara Alta - o que para muitos é considerado uma distorção do sistema de representação. Essa questão permeia discussões no Congresso há mais de uma década sem decisão sobre mudança estrutural.

Da atual bancada dos sem-voto, composta de 20 suplentes, dois assumiram por cassação dos titulares (João Capiberibe e Expedito Júnior), um devido à renúncia de Joaquim Roriz para não ser cassado, outras quatro vagas foram ocupadas por falecimentos de senadores (Antônio Carlos Magalhães , Jefferson Peres, Jonas Pinheiro e Ramez Tebet). Além disso, seis senadores renunciaram para assumir cargo em governos estaduais: como (Roseana Sarney (MA), Sérgio Cabral (RJ), Ana Júlia (PA), Teotônio Vilela,( AL) Paulo Otávio (DF), Leonel Pavan (PB). Os outros sete suplentes assumiram em função de motivos diversos, sendo que os senadores Ideli Salvatti, Raimundo Colombo, Garibaldi Alves, José Agripino e tiraram licença para cuidar das campanhas.

A lista de suplentes dos candidatos ao Senado neste ano amplia o questionamento sobre a legitimidade desses políticos. É formada em vários Estados (como Amazonas, Piaui, Paraíba, Tocantins, etc.) por parentes de candidatos (esposa, pai, filho, irmão, tio).

Essa situação já é indicativo claro de que a legislatura do Congresso a se iniciar em fevereiro de 2011 encontrará, tal como as anteriores, resistência para modificar as regras da suplência no Senado. Justificar

Mas não é causa perdida. A união de entidades de classe, como se vê no Paraná, pode ser estendida em nível nacional e redundar em projeto de lei de autoria popular. É pressão legítima e democrática. Foi assim que a sociedade saiu vitoriosa com a aprovação da Lei do Ficha Limpa.

Fonte: Editorial Jornal A Gazeta

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Presenciou um crime eleitoral? Denuncie!

A coluna de hoje é para você que faz jus ao nome cidadão e deseja que as eleições deste ano seja mais limpa, ética e sem compra de votos ou qualquer outro tipo de abuso, seja ele econômico ou de poder. Saiba como fazer denúncias contra crimes eleitorais.

Mas antes de fazer as denúncias contra candidatos que cometem crimes eleitorais, é importante saber quais são algumas das irregularidades classificadas pelo Código Eleitoral (Lei 4.737) como crime.

· Reter título eleitoral contra a vontade do eleitor;

· Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;

· Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita;

· Valer-se o servidor público da sua autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em determinado candidato ou partido;

· Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam conseguidos;

· Promover, no dia da eleição, com o fim de impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo;

· Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem;

· Violar ou tentar violar o sigilo do voto;

· Divulgar, na propaganda, fatos que sabe inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes de exercerem influência perante o eleitorado;


· · Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato definido como crime;

· Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação;

· Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro;

· Utilizar organização comercial de vendas, distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para propaganda ou aliciamento de eleitores;

· Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gôzo dos seus direitos políticos, de atividades partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em recintos fechados ou abertos;

· Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins eleitorais;

· Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro, para fins eleitorais;

· Omitir, em documento público ou particular, declaração que dêle devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais;

· Obter, para uso próprio ou de outrem, documento público ou particular, material ou ideologicamente falso para fins eleitorais.

Agora que já conhecemos os crimes eleitorais mais comuns, é hora de saber como denunciá-los às autoridades competentes. Lembrando que essas denúncias geralmente geram processos, sendo assim, as faça de forma responsável, sem má fé e politicagem.

TER-ES

O Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) lançou nas eleições deste ano o Prete, que é o Programa de Ética e Transparência Eleitoral. Para acessar o sistema de dique-denúncia dele, o interessado deve ligar para o número 0800 083 2010. Não precisa se identificar.

O sistema de disque-denúncia fica disponível 12 horas às 19 horas. O atendimento é realizado pelos servidores do Tribunal. Ao ligar para o 0800 o atendente se colocará a sua disposição para cadastrar sua denúncia, o qual irá gerar um número de protocolo para acompanhar o andamento dela.

PRE-ES

A Procuradoria Regional Eleitoral do Espírito Santo (PRE-ES) exerce, junto à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases do processo eleitoral, tendo legitimidade para propor as ações de captação ilícita de votos, condutas vedadas aos agentes públicos, abuso de poder político e econômico, dentre outras, visando à cassação ou perda do registro ou diploma, aplicação de multa e declaração de inelegibilidade daqueles que violam a legislação eleitoral.

Para fazer uma denúncia, escreva para denuncia-eleitoral@pres.mpf.gov.br. Ela terá que ser preferencialmente identificada pelo nome e endereço de quem a formula e conter dados mínimos que possam levar a um início de investigação. A denúncia anônima não será automaticamente desconsiderada, porém, este fato dificultará consideravelmente as investigações.

MP-ES

O Serviço de Disque-Denúncia do Ministério Público Estadual foi criado para as eleições de 2004. De lá para cá, já recebeu centenas de denúncias envolvendo matéria eleitoral.

Com o sucesso, graças à contribuição popular e a tomada das devidas providências por parte da instituição, o serviço continuou sendo oferecido no ano de 2005, e desde então, vem recebendo denúncias de variados assuntos.

O número é 0800 283 9840 e o serviço está disponível de segunda à sexta-feira, das 09 horas às 18 horas. A ligação é gratuita e confidencial.

Fonte: Blog Política e Poder | Fernando Mendes

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Além da discussão do Código Florestal

Walter Lídio Nunes é membro do Conselho Deliberativo do Espírito Santo em Ação.

O Código Florestal Brasileiro foi emitido em 1965 e precisa urgentemente de revisão, por duas razões: não tem respaldo social nas regiões agrárias e é anacrônico para as necessidades socioeconômicas e ambientais atuais. Nas discussões sobre sua revisão, feitas pelo relator Aldo Rebelo, vários pontos e reflexões causam surpresa.

Primeiro, há a pretensão legislativa de fixar proteção ambiental num país continental com biomas tão diversificados, através de uma lei ambiental dogmática, contemplando situações ecossistêmicas e sociais diversas entre si. A lei atual tem a pretensão de generalizar a proteção ambiental sem considerar a especificidade da realidade de cada situação.

Segundo, a lei ainda é letra morta para a maioria das atividades econômicas do país, com exceção da silvicultura. Somos o único país a adotar restrições tão amplas sobre áreas já antropizadas e em plena atividade econômica.

A aplicação efetiva do Código Florestal atual imporá uma redução da área agrícola produtiva do agronegócio brasileiro. Isto vai implicar a redução das nossas exportações e o aumento do nosso custo de vida. Hoje, o agronegócio responde por 25% do PIB brasileiro e 40% das exportações brasileiras. Outro ponto é o interesse dos países, com os quais o nosso competitivo agronegócio concorre, em ver o atual Código Florestal aplicado, o que aumentaria a competitividade da subsidiada agricultura deles.

Há ainda a descoberta da emaranhada rede de ONGs internacionais que misturam interesses ambientais com interesses de grupos econômicos em interferir na legislação do nosso país. Se a questão ambiental fosse uma motivação purista, elas estariam procurando implantar o mesmo código florestal nos seus países de origem. Por que não o fazem?

Outra questão é a junção dos movimentos agrários, que querem uma reforma socialista na nossa sociedade, e buscam de todas as formas criar restrições ao competitivo agronegócio brasileiro, que veem como um empecilho aos seus objetivos. O moderno agronegócio brasileiro será sempre desenvolvimentista e capitalista para ser competitivo, o que contraria os preceitos de um modelo baseado no campesinato, que se vale de expedientes como invasões, reforma agrária racial, terras e reservas indígenas.

Os pontos expostos são preocupantes, pois atrás de uma aparente discussão do Código Florestal temos vários temas transversais que merecem atenção. Precisamos de desenvolvimento sustentável com integração das questões ambientais urgentes às atividades socioeconômicas. O que não precisamos é da manipulação que prejudica o nosso país e sua gente. Precisamos de meio ambiente para esta e as futuras gerações e existem formas técnicas e científicas de fazê-lo, sem ideologismos, manipulações e, acima de tudo, sem abrir mão da nossa soberania de construir o nosso desenvolvimento sustentável.


Fonte: ES em Ação

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Plástico chega à Antártida remota

O lixo produzido pelos homens tem chegado a áreas remotas do oceano na região antártica e o plástico é o material que mais preocupa. É o que mostra um estudo feito por pesquisadores da British Antarctic Survey e do Greenpeace a partir dos dados obtidos a bordo de dois navios ? o RRS James Clark Ross e o MV Speranza. As embarcações percorreram as partes leste e oeste da região antártica.

Leandra Gonçalves, ligada ao Greenpeace e uma das autoras do estudo, diz que foram encontrados "restos de materiais de pesca, muitas caixas plásticas e micropartículas plásticas". As sacolas, diferentemente do que ocorre em outras regiões, não foram vistas em grande quantidade. Os resultados foram aceitos para publicação na revista Marine Environmental Research em maio e serão divulgados na edição de agosto.

O texto diz que, de 69 itens vistos pelo MV Speranza, 43% eram materiais plásticos. No caso dos 59 itens observados pelo navio RRS James Clark Ross, 41% também eram plásticos. Com isso, a vida selvagem ? peixes, golfinhos, focas, leões e elefantes marinhos ? fica mais vulnerável. Eles sofrem ao engolir plásticos e podem morrer sufocados ou enforcados pelo material.
Fonte: Estadão 

terça-feira, 13 de julho de 2010

Imprensa, reciclagem e muitas porcentagens

Por Wilson da Costa Bueno

O Brasil recicla, segundo dados do Cempre – Compromisso Empresarial para a Reciclagem, mais de 90% das latas de alumínio, quase 80% do papelão ondulado e cerca de 2/3 dos pneus, índices comparáveis, para estes materiais, aos dos países mais desenvolvidos do mundo. Isso significa que estamos fazendo a nossa lição de casa e que enveredamos finalmente pelo caminho da sustentabilidade?

Se você, amigo ou amiga, tende a responder positivamente à pergunta acima, talvez seja melhor dar uma pausa , pensar um pouco mais antes da declaração final. Isso porque algumas aparências enganam e, nesse caso, infelizmente é o que acontece. Reciclar mais não quer dizer contribuir para aumentar os indicadores de sustentabilidade. O raciocínio parece absurdo, mas é fácil de entender.

Toda questão complexa, como a que envolve a trama da sustentabilidade, precisa ser vista por todos os lados e a reciclagem é apenas um deles. Se você, ensinam os sábios, ficar mirando apenas o tronco de uma árvore, deixará de contemplar a floresta como um todo. Se esta árvore for um eucalipto, e você trabalhar para uma empresa de papel e celulose, certamente estará interessado (a) na biomassa do tronco, ansioso (a) por ver a árvore deitada, porque ela só tem função (quer dizer, dá lucro) depois que tiver se transformado numa pasta. Há árvores que só servem para atender a objetivos comerciais e delas não se espera sombra, flores ou frutos. São, por excelência, contrárias à biodiversidade e chegam, inclusive, a afrontar o conceito de floresta, porque esta tem valor sobretudo quando está de pé.

A reciclagem serve aos propósitos da sustentabilidade, mas pode também mascarar alguns desvios importantes.

Quando as estatísticas indicam que estamos reciclando uma porcentagem específica de materiais (80%, 90%), elas não nos trazem toda a verdade; pelo contrário, propositalmente dissimulam uma situação nada favorável em termos de sustentabilidade. Há uma pergunta que fica sempre faltando (mas gritando dentro da consciência) e que a maioria dos empresários, dos fabricantes de latinhas de cerveja e refrigerantes, de garrafas e sacolas plásticas ou mesmo de papel esconde atrás das porcentagens: mas a produção destes materiais têm, proporcionalmente, diminuído?

Pois é, meu amigo, minha amiga, aí está o problema colocado de maneira correta. Estamos reciclando mais (nem tanto como seria necessário, como a gente ainda poderá ver) porque estamos produzindo mais e isso significa que, em vez de economizar os recursos naturais, os estamos dilapidando com maior intensidade. É como aquela história de redução do desmatamento da Amazônia: não dá para saudar 3% a menos em relação ao mês anterior porque o volume de degradação florestal é sempre alarmante. Um dia, quando houver pouco para desmatar (e esse dia promete chegar, se continuarmos fazendo esta besteira), as porcentagens de desmatamento diminuirão. É para rir ou para chorar?

A produção e o consumo dos materiais a serem reciclados aumentam sensivelmente e os que estão interessados em promover a reciclagem não estão, por outro lado, nem um pouco interessados em produzir menos e a desestimular a redução do consumo. O capitalismo tem a sua lógica e mesmo a sustentabilidade se submete a ela. Reciclar dá dinheiro, meu amigo , minha amiga, e, como todos sabemos, muito mais para os empresários e os intermediários do que para os catadores de papel, de latinhas e de garrafas plásticas.

É preciso mudar de postura, reciclar o conceito, não cair no engodo de festejar estatísticas que servem também para nublar a verdade. A reciclagem é uma alternativa, mas, de per si, não é a solução.

O que, efetivamente, precisamos é produzir menos lixo, fabricar menos latas, vidros e plásticos, consumir com mais consciência, não acreditando (porque é mesmo história da carochinha) que alguém depois irá limpar os resíduos que despejamos no planeta. Não há reciclagem que suporte tanta porcaria e, por isso, construímos cada vez mais lixões, aterros e emporcalhamos nossos rios com bagulhos de todo o tipo. Mais recentemente, iniciamos a criação desenfreada de lixo eletrônico (computadores, televisões e celulares, principalmente) e os fabricantes que pregam o “marketing verde” estão pouco se lixando para o seu destino. Você sabia que menos de 5% dos celulares são reciclados e que os computadores incluem materiais absolutamente perigosos para a vida humana e para a mãe-terra? Onde estamos enfiando tantas pilhas e baterias?

É muito bonito ver o esforço de algumas prefeituras, campanhas empresariais e de milhares de adultos e crianças que se empenham para separar o lixo, mas é lamentável constatar que menos de 10% dos municípios brasileiros fazem a coleta seletiva, ou seja, o material fica separado apenas nas latas coloridas e depois é novamente reunido em depósitos de lixo a céu aberto.

É verdade que centenas de milhares de pessoas (você já não flagrou uma delas remexendo o seu lixo na porta de casa) estão buscando algum sustento com o material jogado fora e que outros milhares de catadores (há cooperativas importantes no Brasil) vivem desta coleta penosa. Mas talvez você ignore um outro dado: a indústria é quem fica com a maior parcela do ganho deste trabalho e os pobres catadores são de novo os explorados nesta história, com um ganho médio mensal inferior a 150 reais. Algum fabricante cínico (há muitos, sabia?) é capaz de argumentar que produz mais porcaria para ajudar os necessitados e ainda pode ter a desfaçatez de concorrer a prêmio de responsabilidade social Você não lembra do raciocínio maluco da indústria tabagista que chegou a argumentar que o fumo ajudava a desonerar a previdência num país europeu porque contribuía para que as pessoas morressem mais cedo?

Dados divulgados em reportagem de Alessandra Pereira, na revista Página 22, da FGV, de julho de 2008, evidenciam que a relação entre reciclagem e meio ambiente não é também tão saudável assim. Vejamos alguns deles. A fabricação de papel reciclado incorpora também substâncias tóxicas e o mesmo acontece no processo de reciclagem de aço e de alumínio. Além disso, o pesquisador Francides Gomes da ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, demonstrou que a fabricação do papel reciclado branco gera seis vezes mais efluentes do que a do papel virgem e que também consome mais energia. Ou seja, o processo está longe de ser sustentável, a não ser que o nosso conceito de sustentabilidade seja tão cosmético quanto o praticado por indústrias agroquímicas, mineradoras, de papel e celulose e de outros segmentos insustentáveis menos votados.

A reciclagem não pode ser vista como um fim em si mesmo, o que não quer dizer que não devemos praticá-la. Muito pelo contrário: um dos pressupostos da postura sustentável é reutilizar os materiais, as embalagens, as sobras de comida (mamãe fazia bolinhos maravilhosos com o arroz que sobrava!), enfim evitar o desperdício.

Fique atento (a) ao discurso da reciclagem e não se deixe levar pelas estatísticas que falseiam a verdade. Em tempo: reciclamos menos da metade do vidro, menos de ¼ das embalagens longa-vida, 1/5 apenas dos plásticos e só 3% dos materiais orgânicos. Estamos ainda mal na fita e não pega bem continuarmos sorrindo, enquanto sorteamos geladeiras Skol para entupirmos de latinhas de cerveja, trocamos mensalmente de celular, carregamos dezenas de sacolinhas plásticas (cada vez mais vagabundas, facilmente rasgáveis e, portanto, inaproveitáveis) dos supermercados.

É preciso reciclar os nossos conceitos de reciclagem e reagirmos ao discurso cínico de muitos fabricantes que não têm a coragem de assumir a sujeira que andam fazendo por aí.

Recicle sempre, sobretudo os seus velhos hábitos de consumo.

Que a mídia brasileira seja mais investigativa e não fique servindo de “mula” ou “laranja” para empresas que fabricam latas, vidros, papel, sacolas plásticas e porcentagens, muitas porcentagens.

Uma dica: cuidado com as embalagens de agrotóxicos (veneno puro), com o resto da sua farmacinha caseira (sabia que existe, comprovadamente, uma poluição de medicamentos e que você pode estar tomando antibióticos sem querer da água da torneira de casa?), e com tudo aquilo que você anda descartando sem dó.

Em tempo: além da pergunta que os fabricantes de materiais reciclados não costumam responder, há também muitas outras que mereciam uma resposta, mas, como o espaço é exíguo, ficamos apenas com três:

1) Com os produtos transgênicos, as empresas de biotecnologia (irmãs siamesas das de agrotóxicos) estão vendendo mais ou menos veneno? Não é esse o argumento: mais sementes transgênicas, menos agrotóxicos? Será que elas, generosamente, estão abrindo mão de seu lucro fantástico com pesticidas, herbicidas etc, os produtos que na verdade as sustentam? Alguém por aí tem a chave para abrir esta caixa preta? Quem vende soja transgênica está vendendo mais ou menos glifosato?

2) Quanto de dinheiro as montadoras e os laboratórios estão remetendo para as suas matrizes? Qual porcentagem destes 18 bilhões de remessas que o Governo acaba de revelar tem a ver com as fabricantes de automóveis e de medicamentos? É para lá que anda escapando o dinheiro dos empréstimos do BNDES? Que destino vamos dar a estes milhões de carros novos que estão sendo colocados no mercado? Será que vamos ter que importar pneus usados para dar conta de tanto automóvel? E vamos continuar até quando fazendo “recall” de remédios perigosos (Vioxx, Prexige etc)? Não precisamos também reciclar as nossas políticas industriais e os nossos sistemas de vigilância?

3) Alguém tem uma idéia brilhante para reciclar o lixo atômico que Angra 3 e as outras usinas nucleares vão despejar por aqui? Você tem alguma sugestão sobre o local onde a Termonuclear poderia enfiá-lo? Pera aí: se você for malcriado, me tira fora dessa. Não vale, fui eu que fiz a pergunta.

Wilson da Costa Bueno é jornalista, professor do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP e de Jornalismo da ECA/USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa.
Fonte: Eco Agência

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Exposição Internacional Einstein será aberta ao público na quarta-feira (07)

A Exposição Internacional Einstein já foi vista por mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo.
O Espírito Santo receberá, a partir desta quarta-feira (07), a Exposição Internacional Einstein, que ficará no Palácio Anchieta, em Vitória, até o dia 03 de outubro. Os interessados em conhecer a trajetória de um dos maiores gênios do século XX poderão visitar a exposição das 8 às 18 horas, de terça a sexta-feira, e das 10 às 18 horas aos sábados, domingos e feriados. A entrada é gratuita.

A exposição vai contar com diversas seções interativas, obras de arte realizadas por diversos artistas brasileiros sobre o cientista, além de objetos pessoais de Einstein, como cartas, boletim escolar e peças de vestuário usadas por ele em sua visita ao Brasil, em 1925. Também serão realizadas oficinas, palestras e apresentações culturais.

Na assinatura do contrato da Exposição, realizada no último dia 18, o secretário de Estado da Educação, Haroldo Corrêa Rocha, lembrou que essas iniciativas motivam bastante os alunos. "Nós vemos nas escolas a repercussão das exposições, como, por exemplo, a de Darwin e a de Michelangelo. Diante de uma oportunidade como essa, nossos alunos e professores não só visitam a exposição, mas também produzem sobre o tema. Nessa específica, a Ciência será o elemento motivador. Precisamos desmistificar a Ciência para os nossos estudantes e exposições como a de Einstein nos ajudam nesse processo."

Para o presidente do Instituto Sangari, Ben Sangari, a exposição contribui para desenvolver as competências necessárias para o século XXI. "O conhecimento científico deve ser o centro do nosso plano educacional no século atual. Quando inserimos a ciência na vida de nossos jovens de uma forma interessante, os motivamos a desenvolver capacidades que serão essenciais para esse século, como a competência analítica e o senso crítico", ressaltou o presidente.

Segundo o consultor científico da exposição, professor Alfredo Tolmasquim, quem for conferir de perto a exposição vai conhecer, além dos feitos científicos, um pouco da vida de Albert Einstein. "A exposição destaca um Einstein, sobretudo, humano. Um cientista que soube compreender a dimensão social da Ciência. Einstein não se preocupava só com a Ciência, mas com questões como o pacifismo e a política. Ele soube sair de seu gabinete", salientou o consultor.

A expectativa da organização é receber no Espírito Santo um público de 90 mil pessoas. A Exposição Internacional Einstein já foi vista por mais de dois milhões de pessoas em todo o mundo. A versão brasileira foi inaugurada em 2008 e já passou por São Paulo e Rio de Janeiro.

Pesquisa

Albert Einstein foi um físico teórico alemão radicado nos Estados Unidos. Cem físicos renomados o elegeram, em 2009, o mais memorável físico de todos os tempos. Conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Recebeu o Nobel de Física de 1921, pela correta explicação do efeito fotoeléctrico; no entanto, o prémio só foi anunciado em 1922. O seu trabalho teórico possibilitou o desenvolvimento da energia atômica, apesar de não prever tal possibilidade.

Devido à formulação da teoria da relatividade, Einstein tornou-se mundialmente famoso. Nos seus últimos anos, sua fama excedeu a de qualquer outro cientista na cultura popular: "Einstein" tornou-se um sinónimo de génio. Foi, por exemplo, eleito pela revista Time como a "Pessoa do Século", e a sua face é uma das mais conhecidas em todo o mundo.

Em 2005 celebrou-se o Ano Internacional da Física, em comemoração aos cem anos do chamado "Annus Mirabilis" (ano miraculoso) de Einstein, em que este publicou quatro dos mais fundamentais artigos cientifícos da física do século XX. Em sua honra, foi atribuído o seu nome a uma unidade usada na fotoquímica, o einstein, bem como a um elemento químico, o einstênio.

Serviço:
Exposição Internacional Einstein, de 07 de julho a 03 de outubro no Palácio Anchieta, que fica localizado na Cidade Alta, em Vitória. Os horários de funcionamento são: de 8 às 18 horas de terça a sexta-feira, e das 10 às 18 horas, aos sábados, domingos e feriados.
Fonte: ES Hoje

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Beleza preservada

A indústria de cosméticos dá exemplo de consciência ambiental. Agora é a vez dos consumidores.

Jaqueline Mendes e Hélio Gomes


100% ORGÂNICA
Produtores franceses cultivam flores para a indústria de cosméticos

Poucos ramos da indústria são tão dependentes da natureza quanto o de cosméticos. Perfumes, essências e óleos extraídos de madeiras e flores são usados há milênios por mulheres e homens de todo o planeta. O que há de novo nesta história, e que muitas vezes escapa da percepção de boa parte dos consumidores, é a preocupação ambiental das grandes empresas do setor. Hoje, a maior parte delas dá exemplo de como lidar de forma sustentável com fornecedores de matéria-prima, além de policiar todas as etapas do processo industrial. Armadas de certificações acima de qualquer suspeita, elas acumulam credibilidade sem perder a satisfação do público de vista, atitude fundamental em um planeta em grave crise ambiental e de recursos naturais.

Os vários selos de certificação adotados pelas empresas de cosméticos dão a dimensão da importância da questão. “Nossos produtos carregam os selos franceses Ecocert, que atesta que 95% dos ingredientes utilizados são naturais, e Bio, que comprova que a produção é totalmente orgânica”, diz Anna Chaia, presidente no Brasil da multinacional francesa L’Occitane. Outra norma internacional cobiçada é o certificado ISO 14001, que regula sistemas de gestão ambiental, como a verificação de impactos na natureza e a reciclagem de resíduos acumulados no processo industrial. A Surya, marca brasileira conhecida por seu apelo verde, já o conquistou. “Também possuímos o certificado Cruelty-free, concedido pela Peta (instituição de defesa animal), que garante que não realizamos testes com animais”, afirma Clélia Cecília Angelon, fundadora e presidente da empresa.

NO LABORATÓRIO
Boa parte das indústrias de cosméticos já usa energia limpa em sua produção

Outra preocupação constante é o relacionamento com os fornecedores de matéria-prima. Neste ponto, há quem se responsabilize 100% e aqueles que cultivam parcerias duradouras. “Desde 1921, cultivamos plantas em nossos jardins de forma orgânica e biodinâmica”, diz a diretora-geral da suíça Weleda no Brasil, Mara Pezzotti. “Os extratos de plantas frescas são preparados no mesmo dia em que elas são colhidas, o que mantém ao máximo as características vitais da planta”, completa. Já a L’Occitane desenvolveu uma rede de colaboradores que se espalha pela região da Provence e pela paradisíaca ilha da Córsega, ao sul da França. “Não temos intermediários e lidamos diretamente com os produtores. É uma forma inteligente de tirar o que há de melhor da natureza”, afirma a executiva Anna.

Assim que a matéria-prima chega às indústrias, a atenção com as fontes de energia utilizadas no processo entra em cena. “Buscamos usar apenas fontes limpas e não provenientes de usinas nucleares”, conta Mara, da Weleda, lembrando de uma das fontes energéticas mais comuns na Europa. Outro ponto fundamental na discussão é o empacotamento dos produtos. “Uma de nossas linhas utiliza embalagens com 30% de PET reciclado. Além disso, lançaremos uma nova embalagem de polietileno verde”, diz Marcos Vaz, diretor de sustentabilidade da Natura.

Agora, cabe ao consumidor pesar a responsabilidade ambiental de cada fabricante na hora de tomar sua decisão de compra. Os fatos comprovam que a indústria de cosméticos está na frente de muitas outras neste quesito. Fica a certeza de que o preço pago por essa preciosa ajuda à Terra é um benefício a ser colhido por nossas futuras gerações.

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Fonte: Isto é independente